Meteorologia

  • 05 MAIO 2024
Tempo
16º
MIN 16º MÁX 21º

António Vitorino aposta na experiência para tentar reeleição na OIM

O português António Vitorino, de 66 anos, tentará ser reeleito diretor-geral da Organização Internacional das Migrações (OIM) por mais um mandato, numa eleição em que aposta na experiência como fator a seu favor.

António Vitorino aposta na experiência para tentar reeleição na OIM
Notícias ao Minuto

14:22 - 13/05/23 por Lusa

Mundo Perfil

Foi em junho de 2018 que António Vitorino chegou à direção daquela que é a principal organização intergovernamental com foco na migração humana, numa nova etapa de uma carreira política de relevo, com ligações ao atual secretário-geral da ONU, o também português António Guterres.

Em entrevista à Lusa no final de março passado, o advogado, político, consultor empresarial e comentador disse estar "muito confiante" no trabalho que desenvolveu nos últimos anos e admitiu estar "perfeitamente disposto e com energia" para disputar a reeleição.

Natural de Lisboa, a entrada na atividade política deu-se quando era estudante no liceu Camões, aderindo à Juventude Socialista (JS), mas os ventos do Processo Revolucionário em Curso (PREC) radicalizaram então as suas posições.

Aproximou-se da Frente Socialista Popular (FSP) de Manuel Serra, que tinha rompido com o Partido Socialista (PS) após o disputado congresso de finais de 1974. De seguida, integrou duas outras formações também dissidentes do PS: o Movimento Socialista Unificado (MSU) em 1976 e a União de Esquerda para a Democracia Socialista (UEDS), liderada pelo engenheiro Lopes Cardoso, em 1978.

Dois anos depois, foi eleito pela primeira vez deputado à Assembleia da República nas listas da UEDS integradas na Frente Republicana e Socialista (FRS), liderada pelo PS. Acabaria por reingressar no partido liderado por Mário Soares e garantiria o lugar de deputado nas cinco legislaturas seguintes.

Licenciado em Direito em 1981, e admitido na Ordem os Advogados em 1983, concluiu um mestrado em Ciências político-jurídicas e foi professor assistente na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Universidade Autónoma e Universidade InNova e ternacional e convidado nas universidades Nova e Católica.

A nível profissional, trabalhou na firma de advogados "Cuatrecasas, Gonçalves Pereira&Associados", teve cargos em várias empresas e foi ainda presidente da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva entre 2007 e 2009.

Após ser eleito deputado, iniciou funções governativas em 1983 no cargo de secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares no IX Governo Constitucional (1983-1985). De seguida, e após aqueda do Bloco central e a subida ao poder de Cavaco Silva, seguiu para a região de Macau onde entre 1986 e 1987 seria o secretário-adjunto do governador Joaquim Pinto Machado, a quem sucedeu Carlos Melancia.

De regresso a Lisboa, António Vitorino, reconhecido membro da obediência maçónica Grande Oriente Lusitano, seria eleito juiz do Tribunal Constitucional pela Assembleia da República e sob indicação do Partido Socialista, cargo que exerceu desde 1989 a 1994.

Durante o XIII governo dirigido por António Guterres (1995-1999) foi designado ministro da presidência e de seguida ministra da Defesa nacional. No final deste mandato, passaria a ocupar o cargo de Comissário Europeu da Justiça e Assuntos Internos, um dos cargos de maior relevo da Comissão Europeia, tendo ajudado a elaborar a Carta dos Direitos Fundamentais da UE.

O Jornal de Negócios, numa abordagem aos "mais poderosos" onde o incluiu, destacou em particular a sua influência empresarial, política e mediática, e a perenidade.

Definido como um "mediador", a sua presença na televisão como comentador manteve-o na esfera mediática e com influência na opinião pública.

A sugestão emitida em 2015 pelo então primeiro-ministro António Costa de que António Vitorino reunia "todas as qualidades para ser Presidente da República", suscitou reações díspares, e particularmente críticas por parte Alfredo Barroso, o ex-chefe da Casa Civil na presidência de Mário Soares.

A corrida a Belém não ocorreu, e António Vitorino acabou por ser eleito para um cargo que sempre pretendeu, e para o qual terá sido útil a experiência que acumulou enquanto Comissário europeu.

Na ótica do português, a OIM "cresceu muito" durante os quatro anos e meio que esteve sob a sua liderança.

Em fevereiro, o primeiro-ministro português, António Costa, mostrou-se confiante na reeleição de Vitorino, avaliando que "a OIM tem feito um trabalho absolutamente extraordinário sob a liderança" do português.

A eleição, por voto secreto entre os membros da OIM, está marcada para 15 de maio, quando Vitorino enfrentará a sua vice-diretora-geral, a norte-americana Amy Pope.

Trata-se da primeira vez nos 70 anos de história da OIM que um vice-diretor-geral em exercício se apresenta ao cargo de diretor-geral.

A OIM é a agência das Nações Unidas responsável pela gestão das migrações internacionais e uma das principais agências humanitárias, beneficiando anualmente dos seus projetos mais de 30 milhões de pessoas, em resposta a situações de crise e conflito, em todo o mundo.

Leia Também: António Vitorino desafiado por vice em disputa inédita para líder da OIM

Recomendados para si

;
Campo obrigatório