Uma mulher norte-americana foi condenada na segunda-feira a pena de prisão perpétua, sem direito a liberdade condicional, por ter matado o seu enteado de onze anos atirado o corpo de uma ponte na Flórida. O processo também ficou marcado por alegações de que fora uma personalidade sua a matar a criança, com o tribunal a considerar que a defesa foi uma desconsideração para com pessoas com distúrbios mentais.
O caso ocorreu no estado do Colorado, e as autoridades acusaram Letecia Stauch de matar Ganoon Stauch, em janeiro de 2020, esfaqueando-o 18 vezes quando este tentou fugir e agredindo-o na cabeça, antes de o alvejar com um tiro.
No processo, citado pela Associated Press, a acusação afirmou que Letecia Stauch odiava o seu enteado e queria magoar o seu pai, Al Stauch, de quem se queria separar enquanto este estava mobilizado na Guarda Nacional do estado. O juiz, Gregory Werner, também concordou que a mulher foi motivada pelo "ódio e inveja" da mãe de Gannon, e ficou ressentida por ter de cuidar do menino e da sua irmã mais nova.
Após o ataque violento, Letecia colocou o corpo do rapaz numa mala de viagem e viajou mais de dois mil quilómetros até ao estado da Flórida, numa carrinha alugada, para se desfazer dos restos mortais. A 27 de janeiro de 2020, a madrasta do menino deu-o como desaparecido e dezenas de voluntários procuraram o rapaz durante vários dias.
As autoridades aperceberam-se mais tarde que as histórias contadas por Leticia Stauch foram criadas para desviar atenções sobre a arguida - nomeadamente um relato no qual esta contou que um homem entrou na casa para reparar uma carpete, violou-a e levou a criança.
O corpo foi eventualmente encontrado na Flórida, após uma inspeção de rotina a uma sistema de esgotos.
A mulher alegou ter doenças de foro mental e disse ter várias personalidades, com uma delas a ser a responsável pelo homicídio e, nunca negando o crime, considerou-se inocente e alegou insanidade mental. Na sua defesa, os advogados da mulher afirmaram que esta matou Gannon durante um "surto psicótico" e que Leticia ficou traumatizada por situações de abuso ocorridas durante a sua infância. Além disso, ao longo do processo, a arguida foi sendo diagnosticada com várias doenças mentais, sendo repetidamente internada em clínicas psiquiátricas (apesar de os terapeutas garantirem sempre que estava consciente das suas ações).
No entanto, especialistas de saúde mental apontaram que a condenada tinha um distúrbio de personalidade, mas que a doença estava controlada na altura do homicídio. Werner também não ficou convencido com a defesa e afirmou que Stauch tomou várias decisões calculadas e planeadas para encobrir o crime.
"Como é que não houve um único momento nos minutos, horas e dias após o homicídio em que Letecia se apercebeu e questionou 'porque é que estou a carregar um corpo na minha mala?'. Isso não é simplesmente credível", argumentou o juiz.
O pai da criança, Al Stauch, mostrou-se destroçado no julgamento, lamentando que nunca pensou que estava a deixar o seu filho com uma "assassina".
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