O parlamentar conservador canadiano Michael Chong e a sua família, que mora em Hong Kong, terão sido pressionados por causa das críticas que fez fez ao historial chinês de violações dos Direitos Humanos na região de Xinjiang.
Os parlamentares da oposição ao primeiro-ministro Justin Trudeau exigiram, esta semana, que o governo assumisse a responsabilidade pelo protesto.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros canadiano convocou na quinta-feira o embaixador chinês para discutir aquelas alegações de intimidação e poderá também optar pela expulsão de diplomatas.
"O Canadá calunia e difama infundadamente o funcionamento normal das embaixadas e consulados chineses no Canadá", disse Mao Ning, porta-voz da diplomacia chinesa, em conferência de imprensa.
"A China está fortemente insatisfeita e opõe-se firmemente a este tipo de ações", apontou.
Citando documentos confidenciais e uma fonte não identificada, o jornal canadiano Globe and Mail avançou que a agência de inteligência da China intimidou o parlamentar, após ele votar em fevereiro de 2021 a favor de uma moção que equiparava o tratamento da China aos membros da minoria étnica de origem muçulmana uigur a um "genocídio".
Os uigures, principalmente muçulmanos, são o principal grupo étnico de Xinjiang (noroeste da China), região há muito atingida por ataques sangrentos atribuídos pelas autoridades a islamitas e separatistas. Em nome do antiterrorismo, as autoridades chinesas lançaram uma vasta campanha de repressão em meados da década de 2010. Os Estados Unidos, falam num "genocídio" em Xinjiang. A ONU sugere a possibilidade de crimes contra a humanidade.
A Ministra dos Negócios Estrangeiros do Canadá, Melanie Joly, disse na quinta-feira que o país está a considerar a expulsão de diplomatas chineses, e admitiu que o ministério chamou o embaixador da China para uma reunião, visando enfatizar que o Canadá não vai tolerar tal interferência.
Ela disse que um relatório da agência de inteligência do Canadá indicou que Michael Chong e os seus familiares em Hong Kong foram alvo de intimidação, depois de Chong ter criticado o histórico de Direitos Humanos de Pequim.
"Estamos a avaliar diferentes opções, incluindo a expulsão de diplomatas", disse Joly a um comité do Parlamento.
A agência de espionagem do Canadá não divulgou detalhes publicamente. Chong disse que o relatório identifica um diplomata baseado em Toronto como parte das ações de intimidação.
"Não consigo imaginar o choque e a preocupação de saber que os seus entes queridos foram alvo de intimidação", disse Joly a Chong, na audiência do comité. "Vai haver consequências", assegurou.
Chong disse que o diplomata deveria estar no primeiro avião para fora do Canadá.
"É inexplicável que este diplomata ainda não tenha sido instruído a deixar o país", disse. "Se não tomarmos esse curso de ação, estaremos basicamente a colocar uma faixa gigante para todos os estados autoritários do mundo, a anunciar que estamos abertos à interferência estrangeira visando cidadãos canadianos. É por isso que esse indivíduo tem que ser mandado embora", acrescentou.
O embaixador chinês Cong Peiwu negou interferência, em comunicado, e alertou contra a expulsão dos seus diplomatas.
"Mais uma vez, a China insta fortemente o lado canadiano a parar imediatamente com essa farsa política e a não seguir um caminho errado e perigoso. Se o lado canadiano continuar a fazer provocações, a China vai retaliar até ao fim", disse Cong.
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