Os exercícios decorreram em águas filipinas no disputado mar do Sul da China, que é reclamado quase na totalidade por Pequim, apesar dos protestos dos países vizinhos.
O Presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., assistiu à demonstração de poder de fogo norte-americano a partir de uma torre de observação, na cidade costeira de San Antonio, na província de Zambales, no noroeste do país - a mais recente indicação de seu forte apoio à aliança de Manila com Washington.
Marcos ordenou que os seus militares mudem o foco, de batalhas anti rebelião para a defesa externa, à medida que as ações cada vez mais agressivas da China no mar do Sul da China se tornam uma preocupação central para Manila.
A mudança nos objetivos da defesa filipina está em sintonia com o objetivo do governo norte-americano de reforçar um arco de alianças na região do Indo-Pacífico para melhor combater a ascensão da China.
Pequim irritou as Filipinas ao assediar repetidamente as patrulhas da marinha e da guarda costeira do país do sudeste asiático e ao afugentar pescadores filipinos nas águas próximas à costa filipina que são reivindicadas pela China.
Manila apresentou mais de 200 protestos diplomáticos contra a China, desde o ano passado, incluindo pelo menos 77 desde que Marcos assumiu o cargo, em junho passado.
Sentado ao lado da embaixadora dos EUA, MaryKay Carlson, e os seus principais assessores de Defesa e segurança, Marcos usou um par de binóculos para observar a trajetória dos foguetes do Sistema de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade dos EUA, ou HIMARS, um lançador múltiplo de foguetes e mísseis, que é montado num camião, e que se tornou uma arma crucial para as tropas ucranianas que lutam contra as forças invasoras russas.
Os exercícios assemelharam-se a um cenário de guerra real, com as explosões e fumo causados pelo fogo de artilharia e os helicópteros de ataque AH-64 Apache a sobrevoar os céus.
"Este treino aumentou o realismo e a complexidade dos exercícios, uma prioridade fundamental partilhada entre as Forças Armadas das Filipinas e os militares dos EUA", disse o tenente-general William Jurney, comandante das Forças do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA no Pacífico.
"Juntos, estamos a fortalecer as nossas capacidades em operações militares de amplo espetro em todos os domínios", disse Jurney, diretor dos EUA para os exercícios conjuntos anuais chamados Balikatan, o que significa "ombro a ombro", em tagalo.
Cerca de 12.200 militares dos EUA, 5.400 forças filipinas e 111 contrapartes australianas participaram dos exercícios, os maiores desde que o Balikatan começou a ser realizado há três décadas. Os exercícios mostraram navios de guerra dos EUA, caças e mísseis Patriot, HIMARS e Javelins antitanque, de acordo com oficiais militares dos EUA e das Filipinas.
A embarcação alvo das forças aliadas era um navio de guerra desativado da marinha filipina, que foi rebocado cerca de 18 a 22 quilómetros mar adentro.
Alvos flutuantes menores, incluindo tambores vazios amarrados juntos, também foram usados como alvos para simular uma cena de batalha real, onde um centro de comando e controlo do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA permitia que forças aliadas dispersas identificassem e localizassem alvos inimigos e disparassem foguetes e mísseis de precisão.
Oficiais militares filipinos disseram que as manobras reforçam a defesa costeira do país e as capacidades de resposta a desastres e que não visavam nenhum país.
A China opôs-se a exercícios militares envolvendo forças dos EUA na região no passado, bem como ao aumento dos efetivos militares dos EUA, alertando que estas operações aumentam as tensões e prejudicam a estabilidade e a paz regionais.
As relações entre Washington e Pequim deterioraram-se rapidamente, nos últimos anos, face a disputas em torno do comércio e tecnologia, reivindicações territoriais de Pequim, questões de Direitos Humanos ou o estatuto de Taiwan e Hong Kong.
Em fevereiro, Marcos aprovou uma presença militar mais ampla dos EUA nas Filipinas, permitindo que lotes rotativos de forças norte-americanas utilizem mais quatro bases militares filipinas. Tratou-se de uma reviravolta acentuada, face à política do seu antecessor Rodrigo Duterte, que temia que uma presença militar norte-americana maior pudesse antagonizar Pequim.
A China opôs-se fortemente à decisão, que permite às forças dos EUA estabelecer postos de vigilância no norte das Filipinas, do outro lado do mar de Taiwan, e nas províncias filipinas ocidentais voltadas para o mar do Sul da China.
A China alertou que o aprofundamento da aliança de segurança entre Washington e Manila e os seus exercícios militares conjuntos não devem prejudicar a segurança e interesses territoriais chineses ou interferir nas disputas territoriais entre Pequim e os países vizinhos.
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