Gustavo Petro dava início à Conferência Internacional sobre a Venezuela, uma iniciativa sua que decorre em Bogotá, no Palácio de San Carlos, e para a qual foram convidados 20 países, entre eles Portugal, que está representado pelo secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Francisco André.
"Seremos capazes de nos entendermos para estabelecer alternâncias políticas, possibilidades de convivência, uns e outros, manejando diferentes projetos políticos numa comunidade de nações que se construirá ao longo dos anos de forma cada vez mais democrática, mais libertária, mais pacífica", questionou.
Gustavo Petro perguntou se a Convenção Americana dos Povos e dos Direitos Humanos vai avançar enriquecida pelos direitos de quarta geração, da mulher, da natureza e sociais, ou se a América Latina "retrocederá ao tempo das ditaduras, do sangue e das guerras".
"A história da América Latina está, de certa forma, nas nossas mãos, nas mãos dos nossos povos. O que acontece na Venezuela, na Colômbia, no Equador, no Peru, [...] o que aconteceu na Bolívia, no Brasil, nas Honduras, no Paraguai, pode marcar um caminho para a guerra, para a destruição democrática, ou podemos reconstruir o caminho da paz e da democracia e aprofundá-lo", disse.
Gustavo Petro afirmou que "o Sistema Interamericano de Direitos Humanos (SIDH) é a proposta colombiana".
"Pedi ao Governo venezuelano para aderir ao SIDH, que abandonou em 2012, para que possamos encontrar fórmulas para uma democracia melhor. A sociedade venezuelana não quer ser sancionada porque as sanções recaíram sobre o povo venezuelano. Aqui, nestas ruas, vimos um povo com fome, nas ruas de Bogotá e da Colômbia, fugindo da fome e da miséria", disse.
Segundo Gustavo Petro, a "América não pode ser um espaço de sanções, tem de ser um espaço de liberdades e de democracia".
"Nos nossos países e no caso venezuelano, temos de caminhar em duas direções ao mesmo tempo. Estabelecer o calendário, sim, para as eleições e as suas garantias. Que o povo venezuelano possa decidir livre e soberanamente o que quer, sem pressões. Também a outra via, o levantamento das sanções. Oxalá tudo começasse com a reentrada da Venezuela no SIDH, porque somos nós, os latino-americanos, que temos de decidir se vamos para a democracia ou para a guerra e o confronto", sublinhou.
Petro vincou ainda que "são os venezuelanos, mais ninguém, que devem decidir livremente o seu próximo futuro".
"A adesão ao SIDH seria, na minha opinião, uma grande conquista. Estabelecer um sistema, um calendário para uma solução do problema eleitoral venezuelano, para uma decisão livre do sue povo, seria sem dúvida uma grande conquista, e estabelecer um calendário para o levantamento gradual das sanções seria também uma grande conquista", frisou.
Petro expressou ainda querer que os desejos e a esperança do povo venezuelano se façam realidade.
"Que não seja um povo que se assusta com nada, mas que seja livre e possa tomar as suas decisões em profunda liberdade, sem que ninguém fora do seu país o pressione a tomar decisões contrárias à sua vontade política, nem ninguém, dentro do seu país, o pressione para que as suas decisões soberanas acabem por ser violadas", disse.
Ao terminar a sua intervenção, Petro disse esperar que as recomendações que surjam do encontro sejam bem recebidas "tanto pela oposição venezuelana como pelo seu Governo, mas sobretudo pelo povo venezuelano".
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