A audiência estava marcada para quarta-feira, mas o tribunal notificou hoje a associação do adiamento, sem apresentar qualquer motivo, informou a FPA, no dia em que as autoridades israelitas impediram a realização de uma marcha junto da Faixa de Gaza, em protesto contra a ofensiva militar no enclave palestiniano.
Em janeiro de 2024, o Supremo Tribunal rejeitou, alegando razões de segurança, um pedido da FPA para permitir que as autoridades israelitas permitissem a entrada de repórteres no enclave palestiniano, apesar de reconhecer que o impedimento constituía uma violação da liberdade de imprensa.
Em setembro seguinte, a FPA apresentou uma nova petição, após a qual o tribunal concedeu ao Governo israelita cinco prorrogações de prazo para responder. Depois, agendou uma audiência, que já foi adiada três vezes.
Em 03 de maio, a associação que representa os meios de comunicação social estrangeiros em Israel e nos territórios palestinianos condenou a contínua proibição do Governo israelita à entrada de jornalistas internacionais na Faixa de Gaza, considerando-a uma "vergonha" e um impedimento para mostrar a devastação real do enclave em guerra há 19 meses.
"Nunca na história de Israel o Governo impôs restrições tão abrangentes aos meios de comunicação social durante um período tão prolongado. Isto é uma vergonha para um país que se afirma um exemplo de democracia", lamentou a FPA em comunicado.
A organização indicou que as autoridades israelitas negaram repetidamente os seus pedidos de acesso ao enclave, argumentando com preocupações com a segurança e a logística.
No comunicado, a FPA destacou ainda os jornalistas palestinianos "que continuam a relatar a história correndo grande risco pessoal".
De acordo com o Governo da Faixa de Gaza, 222 repórteres foram mortos no enclave desde o início da ofensiva israelita, em outubro de 2023.
Também hoje várias organizações israelo-palestinianas contra o conflito na Faixa de Gaza criticaram nas redes sociais o bloqueio e a detenção de ativistas pela polícia fronteiriça de Israel durante uma marcha de centenas de pessoas que planeavam acampar perto do enclave.
Em vídeos divulgados pelos grupos ativistas Standing Together e Breaking the Silence, veem-se polícias israelitas a empurrar e a atirar manifestantes para o chão com vista a impedi-los de avançar pela estrada em direção à fronteira com a Faixa de Gaza.
Entre os detidos está um dos codiretores da organização pacifista Standing Together, Aloon Lee Gree, conhecido por ser um dos ativistas mais expressivos na denúncia da ofensiva das tropas israelitas na Faixa de Gaza e do assassínio de palestinianos.
"Deixem tudo e juntem-se a nós esta tarde na fronteira de Gaza para protestar contra a guerra, a morte de crianças e exigir a libertação dos reféns. O nosso protesto é contra um governo que só quer aniquilar e ocupar a Faixa de Gaza", apelou Lee Gree num vídeo publicado horas antes na sua conta de Instagram.
"Enquanto uma coluna de tanques avança pela estrada em direção à fronteira de Gaza, os ativistas do Standing Together, juntamente com muitos outros manifestantes antiguerra, entram em confronto com a polícia fronteiriça", escreveu Uri Wetlman, um dos membros do Standing Together, na rede X.
A marcha, com quase 500 pessoas, partiu hoje à tarde da cidade de Sderot, no sul de Israel, em direção à fronteira com a Faixa de Gaza, depois de o Exército israelita ter confirmado o início da sua nova ofensiva terrestre no enclave palestiniano.
"Numa questão de horas ou dias, [os dirigentes israelitas] Smotrich, Ben Gvir e Netanyahu planeiam enviar dezenas de milhares de tropas para ocupar Gaza, matar mais crianças à fome, assassinar mais civis palestinianos, deslocar mais famílias e sacrificar as vidas dos reféns e a segurança de todos para colonizar a Faixa de Gaza", comentaram os ativistas em declarações reproduzidas pelo jornal Haaretz.
Israel bloqueia desde 02 de março o acesso da ajuda humanitária na Faixa de Gaza, dias antes de ter quebrado o cessar-fogo que estava em vigor há cerca de dois meses.
O conflito foi desencadeado pelos ataques liderados pelo grupo islamita palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e mais de duas centenas de reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 53 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de milhares de pessoas.
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