Líder do partido tunisino Ennahdha hospitalizado horas após ser detido
O líder do partido islâmico conservador tunisino Ennahdha, Rached Ghannouchi, foi hoje hospitalizado horas após ter sido detido na sua própria residência pelas forças de segurança locais, revelou o líder da Frente de Salvação Nacional (FSN, coligação da oposição).
© Getty Images
Mundo Tunísia
Ahmed Neyib Chebi não avançou mais pormenores sobre o estado de saúde de Ghannouchi, mas considerou inadmissível que o líder da Ennahdha tenha sido detido por declarações presumivelmente incendiárias.
A detenção ocorreu após a imprensa tunisina ter publicado declarações de Ghannouchi proferidas no fim de semana passado, em que afirmou que a Tunísia será ameaçada por uma "guerra civil" se o Islão político, de onde o partido é originário, for eliminado.
Uma fonte do Ministério do Interior da Tunísia, citada pela imprensa local, confirmou que a prisão de Ghannouchi estava ligada a essas declarações proferidas para assinalar o aniversário da coligação.
Ghannouchi, de 81 anos, que liderou o parlamento tunisino entretanto dissolvido, é o opositor de maior destaque a ser preso desde o golpe constitucional perpetrado pelo Presidente da Tunísia, Kais Saied, em julho de 2021.
Segundo um dos responsáveis da FSN, dois outros líderes do Ennahdha, Mohamed Goumani e Belgacem Hassan, também foram presos na noite de segunda-feira.
A hospitalização de Ghannouchi ocorreu também depois de as autoridades locais terem encerrado hoje a sede e as delegações em todo o país quer do Ennahdha quer da FSN.
"Uma força policial chegou ao quartel-general do partido [em Tunes] e ordenou a todos que saíssem antes de o encerrar. A polícia também fechou todas as sedes regionais do partido em todo o país e proibiu todas as reuniões nessas instalações", disse à agência noticiosa France-Presse (AFP), um dos altos responsáveis do Ennahdha, Riadh Chaibi.
Além disso, o líder da FSN disse que a polícia proibiu hoje uma conferência de imprensa para reagir à detenção de Ghannouchi.
"A polícia impediu a realização da conferência de imprensa e colocou barreiras em frente à sede do partido", disse Ahmed Nejib Chebbi à AFP.
Desde o início de fevereiro, as autoridades tunisinas prenderam mais de 20 opositores e personalidades da sociedade civil, entre eles ex-ministros, empresários e o dono da rádio mais ouvida do país, a Mosaique FM.
Kais Saied, acusado pela oposição de uma deriva autoritária, qualificou os detidos como "terroristas", alegando que estavam envolvidos numa "conspiração contra a segurança do Estado".
Depois do golpe que intensificou o seu poder, Saied precedeu à revisão da Constituição para estabelecer um sistema ultrapresidencialista às custas do parlamento, que deixou de ter poderes reais, e dissolveu as duas câmaras parlamentares (Assembleia e o Senado), controladas pelo Ennahdha.
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