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Presidente do Ruanda elogia resistência quando as "feridas são profundas"

O Presidente do Ruanda elogiou hoje a resistência dos ruandeses em fazer avançar a unidade do país e deixar para trás uma tragédia cujas "feridas ainda são profundas", nas cerimónias para assinalar os 29 anos do genocídio de 1994.

Presidente do Ruanda elogia resistência quando as "feridas são profundas"
Notícias ao Minuto

17:58 - 07/04/23 por Lusa

Mundo Ruanda

muito claro que as feridas ainda são profundas, mas, ruandeses, agradeço a todos vós por se recusarem a ser definidos por esta trágica história", disse Paul Kagame, na abertura das cerimónias que assinalam o genocídio de que foram alvo os Tutsis, no qual morreram mais de 800 mil pessoas.

O Presidente ruandês discursou logo após acender uma chama simbólica no Memorial do Genocídio, em Kigali, onde estão enterradas mais de 250 mil pessoas mortas durante os massacres.

"O povo conseguiu virar a página e deixar para trás o luto e o choro", disse o chefe de Estado, que recordou que o mundo "virou as costas" ao Ruanda porque não veio em auxílio dos ruandeses quando o genocídio contra os Tutsis estava a ter lugar.

"Ninguém decidirá por nós como viver as nossas vidas. Temos uma força, uma força incrível que vem desta história que nos informa, que nos diz que nunca devemos permitir que ninguém nos dite como vivemos as nossas vidas", acrescentou Kagame.

Até ao próximo mês de julho, o aniversário do momento em que os rebeldes ruandeses derrubaram o governo que liderou o genocídio, haverá inúmeros eventos comemorativos conhecidos como 'Kwibuka' (que significa 'recordar') que serão realizados em todo o país.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou hoje que o mundo não deve esquecer o genocídio ruandês e instou os países a rejeitarem o ódio e a intolerância que podem ser desencadeados por tais assassinatos.

"Prestamos homenagem à resiliência dos sobreviventes. Reconhecemos a viagem do povo ruandês em direção à cura, restauração e reconciliação. Recordamos, com vergonha, o fracasso da comunidade internacional", salientou Guterres.

O alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, felicitou hoje o Ruanda pela sua determinação em "ressuscitar das cinzas, reconstruir o país e reconciliar".

O Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, também participou na comemoração de hoje.

"Numa altura em que o discurso do ódio está a atingir níveis perigosos na região, devemos recordar o passado mais do que nunca e unir forças", disse o ex-primeiro-ministro belga na rede social Twitter.

As tensões que desencadearam o genocídio remontam ao final do século XIX, quando os governos coloniais alemão e mais tarde belga separaram a população do Ruanda em dois grupos fechados: os Tutsis, que representavam 14% da população, e a maioria dos Hutus.

Os problemas entre estes dois grupos, que em momentos diferentes da sua história tiveram mais ou menos privilégios graças à marginalização ou exploração do outro, levaram a uma guerra civil entre o governo pró-Hutu ruandês e os rebeldes da Frente Patriótica Ruandesa (RPF), liderada por Kagame.

Na noite de 6 de Abril de 1994, a queda do avião que transportava o então Presidente ruandês, Juvénal Habyarimana, e o Presidente burundês, Cyprien Ntaryamira, ambos hutus, matou os dois e desencadeou o genocídio contra os tutsis.

Pelo menos 800.000 pessoas morreram em cerca de 100 dias no que é considerado um dos piores genocídios da história humana recente.

Leia Também: Guterres recorda genocídio em Ruanda e apela à rejeição do ódio

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