"Qualquer conversa sobre negociações não tem sentido enquanto Gaza for devastada, de um lado, pela fome e, do outro, pelos bombardeamentos", declarou Bassem Naïm, membro do gabinete político do movimento islamita palestiniano, em comunicado.
"O requisito mínimo para criar um ambiente favorável e construtivo para as negociações é forçar o governo de Netanyahu a abrir os pontos de passagem e permitir a entrada de ajuda humanitária", afirmou Bassem Naïm.
O dirigente do Hamas salientou que "o acesso a alimentos, água e medicamentos é um direito humano fundamental e não um objeto de negociação".
Israel impôs um bloqueio à entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza a partir de 02 de março, após o fracasso das negociações para prolongar o cessar-fogo iniciado a 19 de janeiro.
A consequente escassez de alimentos e medicamentos agravou uma situação já desastrosa naquele enclave palestiniano, apesar das advertências da ONU e de várias organizações de socorro para o risco de fome, logo rejeitados por Israel.
Por outro lado, o exército israelita anunciou ter matado Jasser Hussein Ali Shamieh, responsável pela angariação de fundos do Hamas, num ataque realizado há uma semana em Gaza.
"Desde o início da guerra, Shamieh foi responsável pela transferência de dezenas de milhões de dólares para a ala militar do Hamas. Estes fundos foram utilizados para reforçar a ala militar, pagar os salários dos terroristas e financiar a organização terrorista no seu conjunto", refere o comunicado militar.
O exército sublinhou, em particular, que este financiamento permitiu às brigadas do Hamas continuar a lutar no norte de Gaza, onde os combates terrestres entre milicianos palestinianos e tropas israelitas se intensificaram nas últimas semanas.
Além disso, o exército disse ter atingido 130 alvos que atribuiu ao Hamas nos últimos dois dias, incluindo lançadores de foguetes terra-terra, células terroristas como um todo, estruturas militares e "apartamentos de operações" onde os milicianos alegadamente se reuniam.
"No norte de Gaza, as tropas do exército desmantelaram uma estrutura armadilhada e um complexo utilizado pelos terroristas para efetuar emboscadas", indicou ainda o exército israelita.
A declaração surge num dia em que os ataques israelitas mataram mais de 100 pessoas desde o amanhecer, num dos dias mais mortíferos registados desde que Israel quebrou o cessar-fogo em 18 de março.
O número de pessoas mortas em Gaza desde o início da ofensiva em outubro de 2023, em retaliação ao ataque do Hamas de 7 de outubro, ultrapassou as 53.000.
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