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Nações Unidas insta Tunísia a acabar com "discurso de ódio racista"

O Comité das Nações Unidas para a Eliminação da Discriminação Racial lançou hoje uma advertência solene às autoridades tunisinas para que ponham fim ao "discurso de ódio racista", em particular contra os cidadãos da África subsaariana.

Nações Unidas insta Tunísia a acabar com "discurso de ódio racista"
Notícias ao Minuto

10:30 - 04/04/23 por Lusa

Mundo Tunísia

O Comité afirmou-se "alarmado com as declarações do Chefe de Estado tunisino [Kais Saied] no fim de fevereiro, alegando que ´hordas de migrantes subsaarianos ilegais´ provenientes de países africanos subsaarianos faziam parte de um plano criminoso destinado a modificar a composição do panorama demográfico da Tunísia´ e estavam na origem de ´violência, de crimes e de práticas inaceitáveis'".

O Comité estimou que tais observações são contrárias à Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, cujo objetivo é monitorizar o cumprimento pelas partes envolvidas.

O organismo manifestou-se "profundamente preocupado com o recrudescimento deste discurso de ódio racial ou xenófobo na Tunísia, contra os migrantes de países subsaarianos, nas redes sociais e noutros media, incluindo o discurso racista de particulares e de partidos políticos".

O Comité está igualmente "seriamente preocupado" com o facto de esta vaga de discursos de ódio e de estigmatização conduzir a atos de violência contra estes migrantes, nomeadamente agressões e expulsões das suas casas e do trabalho.

O Comité está alarmado com as informações que dão conta de numerosas detenções arbitrárias de migrantes, entre os quais mulheres, crianças e estudantes, "levadas a cabo pelas forças da ordem, no âmbito de uma campanha intitulada ´Reforço da malha de segurança e redução do fenómeno da permanência irregular na Tunísia´, sem todas as garantias processuais".

O Comité exigiu à Tunísia que cesse imediatamente as detenções coletivas de migrantes, que liberte os que foram detidos arbitrariamente e que permita aos que quiserem pedir asilo que o façam.

No início de março, o Presidente tunisino defendeu-se de todas as acusações de racismo contra os africanos subsaarianos, após o clamor provocado pelo seu discurso incendiário, a 21 de fevereiro, largamente condenado pela comunidade internacional e as ONG de defesa dos direitos humanos.

Rejeitou o que classificou como "comentários maliciosos" daqueles que "quiseram interpretar o discurso à sua maneira para prejudicar a Tunísia".

Na esteira da violência desencadeada pelas palavras do Presidente, o Banco Mundial (BM) anunciou a suspensão "até nova ordem" do programa de parceria com a Tunísia, que se encontra numa situação económica catastrófica.

Tunis negoceia também há vários meses com o Fundo Monetário Internacional (FMI) um empréstimo de quase dois mil milhões de dólares.

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