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Mali questiona dados da ONU sobre mortes e violações de direitos humanos

As autoridades malianas questionaram hoje a "credibilidade" de um relatório da ONU indicando um aumento de 54% dos mortos em 2022 e atribuindo um terço das violações dos direitos humanos no país ao exército maliano e aos seus aliados.

Mali questiona dados da ONU sobre mortes e violações de direitos humanos
Notícias ao Minuto

15:45 - 23/03/23 por Lusa

Mundo Relatório

O relatório "não dá detalhes sobre a verificação dos casos relatados" e não permite que o Governo "conduza, se necessário, um confronto e investigações", apontou o Ministério dos Negócios Estrangeiros, comentando a nota trimestral sobre violações dos direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), relativa ao período de outubro a dezembro de 2022.

As autoridades malianas assinalam que alguns casos de violações dos direitos humanos denunciados pela ONU têm por base "documentos publicados por organizações estatais e também não estatais" e entrevistas realizadas remotamente, o que "levanta a questão da credibilidade de toda a informação recolhida".

A Missão das Nações Unidas no Mali (Minusma) diz, no seu relatório trimestral, que o número de pessoas mortas no país aumentou 54% em 2022, comparativamente a 2021, e 35% das violações dos direitos humanos foram atribuídas às Forças de Defesa e Segurança.

"No total, 2.001 pessoas foram afetadas pela violência em 2022 (1.277 mortos, 372 raptados/desaparecidos e 352 feridos)", lê-se no documento.

Os grupos extremistas islâmicos são os principais perpetradores da violência, representando 56% das violações registadas, de acordo com a mesma fonte.

Após dois sucessivos golpes de Estado em 2020 e 2021, os militares no poder no Mali cortaram, em 2022, os laços com a França e viraram-se para a Rússia, acolhendo no seu território paramilitares do grupo russo Wagner, os quais designa como "instrutores", mas que os países ocidentais classificam como mercenários, envolvidos em múltiplos abusos, de acordo com a ONU, o Ocidente e organizações de direitos humanos.

"No que respeita às Forças de Defesa e Segurança (FDS), 694 violações dos direitos humanos, ou 35% do número total de violações, são atribuíveis aos seus elementos, por vezes acompanhados por pessoal militar estrangeiro", considerou a ONU.

Estes números não incluem as violações cometidas em Moura de 27 a 31 de março de 2022, onde as forças armadas malianas acompanhadas por paramilitares suspeitos de pertencerem ao grupo Wagner executaram várias centenas de pessoas, segundo os peritos da ONU.

As tensões com a divisão de direitos humanos da Minusma aumentaram acentuadamente quando os militares chegaram ao poder há dois anos.

A junta militar bloqueia abertamente as investigações da Minusma sobre direitos humanos e abusos dos quais as forças malianas são regularmente acusadas.

Em fevereiro, o chefe da divisão de direito humanos da missão da ONU foi expulso pelas autoridades de Bamaco.

Desde 2012 que o Mali é flagelado pela propagação do fundamentalismo islâmico e da violência de todos os tipos.

O país, pobre e sem litoral está mergulhado numa grave crise, não só em termos de segurança, mas também em termos políticos e humanitários.

A violência é perpetrada por elementos armados ligados à Al-Qaida e ao grupo extremista Estado islâmico, mas também por milícias e grupos criminosos organizados.

A Minusma foi criada em 2013 para ajudar a estabilizar o Estado do Mali, que corria o risco de ruir sob a pressão dos extremistas islâmicos, para proteger os civis, contribuir para o esforço de paz e defender os direitos humanos.

Leia Também: Número mortos em 2022 no Mali aumentou 54% relativamente ao ano anterior

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