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A (longa) lista de opositores perseguidos, exilados e presos pela Rússia

O opositor russo Vladimir Kara-Murza, que começou hoje a ser julgado na Rússia por acusações de alta traição, integra um grupo de centenas de ativistas e organizações perseguidos, exilados e presos pelo Kremlin.

A (longa) lista de opositores perseguidos, exilados e presos pela Rússia
Notícias ao Minuto

18:03 - 13/03/23 por Lusa

Mundo Rússia

As autoridades russas acusam Kara-Murza de alta traição, de colaborar com organizações aliadas da NATO e de disseminar informação falsa, o que indica que o ativista de 41 anos, detido em abril de 2022, pode enfrentar uma pena de até 20 anos de cadeia.

Nos últimos cinco anos -- e de forma mais intensa desde a anexação da Crimeia, em 2014, e da invasão da Ucrânia em 2022 - o regime do Presidente Vladimir Putin montou uma violenta operação repressiva e de perseguição a centenas de ativistas e de organizações de defesa de direitos cívicos e humanos.

Eis uma lista de alguns dos principais rostos e organizações opositoras de Putin que foram alvo de várias formas de repressão:

Alexei Navalny

Em janeiro do ano passado, o nome de Navalny foi incluído na lista do Kremlin de terroristas e extremistas, depois de ter sido detido no ano anterior, quando regressava de uma viagem à Alemanha, onde esteve durante cinco anos a recuperar de um envenenamento por um agente nervoso. Foi condenado a dois anos e meio de cadeia, por uma acusação de fraude.

Lyubov Sobol

Detida por ligações a Navalny, Sobol era advogada da fundação anti-corrupção liderada por aquele, tendo ficado em prisão domiciliária cerca de um mês, por alegadamente ter violado regras contra a pandemia de covid-19, acabando por ser condenada por este crime numa sentença de pena suspensa de um ano e meio.

Andrei Pivovarov

O diretor da entretanto extinta organização Open Russia foi retirado de um voo entre Varsóvia e São Petersburgo, para ser detido, acusado de ter violado leis de segurança nacional em favor de "organizações indesejáveis", tendo ficado preso, em 2021, preventivamente por dois meses a aguardar julgamento.

Em 2022, Pivovarov foi condenado a quatro anos de cadeia, apesar de organizações como a Amnistia Internacional terem protestado contra a sentença, alegando que o ativista se limitou a exercer o seu direito de associação.

Dmitry Gudkov

Em 2021, este deputado (2011-2016) de 41 anos foi detido sob acusações de tentativa de perturbação de atos eleitorais, acabando por ser obrigado a sair do país, em direção à Ucrânia, onde acabou por saber que tinha sido condenado à revelia num processo de atraso no pagamento de rendas imobiliárias.

Gudkov foi membro e dirigente do partido Rússia Justa, de onde foi expulso em 2013, depois de ter sido acusado de pedir aos Estados Unidos para interferir nas eleições russas.

Andrei Soldatov e Irina Borogan

Estes dois investigadores, autores de um livro sobre a história dos russos no estrangeiro ("Os compatriotas"), tiveram de pedir asilo no Reino Unido, em 2021, face a várias ameaças por parte do Kremlin, que os começou a intimidar e a acusar de envolvimento com grupos extremistas.

Kira Yarmysh

Esta antiga porta-voz da fundação anti-corrupção foi detida em janeiro de 2021, durante uma manifestação a favor de Navalny, tendo ficado detida durante nove dias, acusada de organização de eventos não autorizados.

No mês seguinte, Yarmysh foi colocada sob prisão domiciliária, tendo fugido da Rússia para evitar cumprir uma pena de prisão por estar por detrás dos movimentos de apoio a Navalny.

Leonid Volkov

Especialista em Tecnologias de Informação e diretor de campanha de Alexei Navalny, nas presidenciais de 2018, Volkov abandonou a Rússia em 2019, depois de as autoridades russas terem aberto uma investigação por suspeitas de lavagem de dinheiro da fundação anti-corrupção.

Ivan Zhdanov

Dirigente do partido Rússia do Futuro, e membro da fundação anti-corrupção de Navalny, Zhdanov saiu do seu país em 2019, depois de o seu pai ter sido detido sob suspeita de atividades políticas ilícitas.

Roman Dobrokhotov

Jornalista e editor da plataforma digital The Insider, Dobrokhotov foi detido em 2021 sob alegações de ter divulgado informações que podem afetar a segurança nacional, em colaboração com entidades ocidentais.

A sua plataforma The Insider foi incluída na lista de "agentes estrangeiros" e o passaporte do jornalista foi retido, bem como telemóveis e computadores portáteis, para averiguações.

Mikhail Khodorkovsky

Homem de negócios e ativista opositor de Putin, MBK, como é conhecido, foi condenado a nove anos de cadeia, em 2005, por "atividades subversivas". Em 2009, quando estava a meio da sua pena, foi de alvo de novas acusações, para um segundo julgamento que se iniciou nesse ano, tendo sido condenado a mais 11 anos de prisão.

Khodorkovsky acabou libertado em dezembro de 2013, após vários recursos apoiados por organizações internacionais, e exilou-se, passando a viver em vários países ocidentais e tornando-se o porta-voz de movimentos de oposição ao regime de Putin.

Roman Badanin

O editor executivo da plataforma noticiosa Proekt foi obrigado a fugir da Rússia, em 2019, para evitar um processo judicial, duas semanas depois de as autoridades terem proibido a atividade da sua organização, que foi incluída na lista de "agentes estrangeiros".

Badanin acabou por se exilar nos Estados Unidos, tendo recentemente denunciado pressões das autoridades russas sobre amigos e familiares, por causa da sua alegada "atividade subversiva".

Memorial

Organização internacional de defesa dos Direitos Humanos, fundada durante a queda da União Soviética, para investigar casos de violação de direitos cívicos e humanos durante a época do ex-líder soviético Josef Stalin.

Após a aprovação da Lei de Agentes Estrangeiros, em 2012, a Memorial começou a sentir forte pressão por parte do regime do Presidente Putin, tendo sido declarada "agente estrangeiro" pelo Ministério da Justiça.

Em 2021, a organização foi encerrada e liquidada por um tribunal de Moscovo, que alegou a violação da Lei de Agentes Estrangeiros, tendo, contudo, continuado alguma da sua atividade a partir de outros países, em particular da Alemanha.

Free Russian Forum

Organização fundada em 2016 pelo ex-campeão de xadrez e ativista político Garry Kasparov, tem por objetivo "criar alternativas intelectuais ao regime de Putin, tendo colocado a sua base de operações na Lituânia.

Em 2019, foi colocada na lista de "agentes estrangeiros" e o Ministério da Justiça iniciou um processo contra vários dos seus dirigentes na Rússia por suspeita de atividades subversivas contra o Estado.

Vesna

Organização ligada ao movimento político Yabloko, tornou-se uma das mais relevantes plataformas de oposição a Putin, com uma forte componente de ações de protesto nas ruas.

Em fevereiro de 2022, logo a seguir ao início da invasão da Ucrânia, o movimento viu alguns dos seus líderes serem detidos, pelos protestos contra a agressão militar, e foi notificada de duas ações criminais, por violação da Lei de Agentes Estrangeiros.

Leia Também: Julgamento de opositor russo por traição inicia-se em Moscovo

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