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"Esta é a guerra que a Ucrânia vai ganhar no campo de batalha"

O conselheiro do Ministério da Defesa ucraniano Yuriy Sak afirma que a solução para o conflito com a Rússia será militar, afastando a perspetiva de negociações com o Presidente russo, que compara a um louco como Hitler.

"Esta é a guerra que a Ucrânia vai ganhar no campo de batalha"
Notícias ao Minuto

08:12 - 28/01/23 por Lusa

Mundo Guerra na Ucrânia

"Acreditamos apenas na solução militar. Esta é a guerra que a Ucrânia vai ganhar no campo de batalha por completo", afirma o conselheiro do Ministério da Defesa em entrevista à Lusa, esperando que tal possa acontecer já em 2023, rejeitando qualquer possibilidade de negociações com Moscovo.

Desde a invasão russa, em 24 de fevereiro do ano passado, "as primeiras tentativas de negociar com o agressor foram inúteis", disse Yuriy Sak, devido ao perfil do Presidente russo, Vladimir Putin, "um louco que precisa ser parado e colocado atrás das grades e julgado pelos crimes de guerra que cometeu".

Depois de derrotar a Rússia no campo de batalha, o conselheiro admite alguma forma de processo negocial, relacionada com reparações pelos danos causados na Ucrânia e criação de um tribunal internacional de crimes de guerra.

Apesar da dificuldade de prever o que vai acontecer em 2023, Sak espera, no entanto, que, com o rápido apoio internacional, este seja o ano em que esta guerra vai terminar.

"Faremos tudo do nosso lado e garanto-vos que o mundo inteiro deve estar interessado em parar esta guerra em 2023 e certificar-se de que a Rússia é um estado terrorista e um estado agressor, com total responsabilidade pelos crimes de guerra que cometeu, pela chantagem nuclear que realizou e pelo risco da crise alimentar global que criou", sustentou.

As autoridades ucranianas esperam "uma ofensiva em larga escala" russa a qualquer momento e também receber os tanques pesados que os aliados prometeram na semana passada, antes que ela aconteça. É incerto, segundo o conselheiro militar, tanto o número de tanques a receber como o local onde os ataques acontecerão, embora tenha informações de grandes concentrações de efetivos na região do Donbass, no leste da Ucrânia. "Então, talvez essa seja a direção a partir da qual eles tentarão empurrar-nos novamente".

É por isso, prossegue, que as forças ucranianas estão a ser reforçadas não só no Donbass, com também no norte, junto da fronteira com a Bielorrússia e ainda no sul, onde reconquistaram território no final do ano passado.

Mas o Exército ucraniano também tenciona lançar novos ataques, sem detalhes: "Estamos sempre a preparar um contra-ataque todos os dias", afirmou, rejeitando a palavra contraofensiva, porque esta "é uma guerra defensiva, cujo objetivo é expulsar o inimigo" da Ucrânia e sem qualquer pretensão de atacar território russo.

"Nós não precisamos do terror russo", declarou, comparando-o a um vírus: "Nós, como comunidade internacional, temos uma experiência de isolar áreas afetadas pela covid e portanto, a Rússia terá que ficar isolada de maneira semelhante por um longo período para que o vírus não se espalhe".

Quase um ano após o início da guerra, Yuriy Sak destaca que "a Ucrânia continua de pé", quando, em 24 de fevereiro de 2022 "muita gente em todo o mundo, incluindo os aliados, não acreditavam que conseguisse resistir sete dias, alguns deram 72 horas".

Contra as estimativas, conseguiu não só resistir, mas recuperar território ocupado, dando os exemplos da região de Kiev, Chernihiv, no norte, depois Kharkiv, no leste, e mais recentemente Kherson, no sul. "Onze meses depois desta agressão, estamos cá e a Ucrânia está a mostrar ao mundo que o Exército ucraniano e o povo ucraniano são heróicos e resilientes e lutamos por valores globais".

O conselheiro militar insiste numa ideia sempre repetida por Kiev de que a Ucrânia não está a lutar apenas pelo seu futuro. "É muito claro para todos agora que esta guerra vai determinar o futuro de todos nós, do continente europeu, da comunidade internacional global, da ordem mundial", defendeu, salientando as atrocidades que a Rússia cometeu.

"Não há quase nenhum crime de guerra que não tenha sido cometido na Ucrânia até hoje", disse Sak, comparando Putin a Adolf Hitler e descrevendo o Exército russo como um grupo de "assassinos, assassinos em massa, saqueadores e violadores", em representação de "um estado terrorista que mata pessoas inocentes"

Sak salienta que a Rússia "também não tem nenhuma consideração pela vida do seu próprio povo", apontando que em média, "todos os dias o exército ucraniano mata cerca de 800 soldados russos", usados como com carne para canhão: "É um matadouro. Eles estão mal equipados, na maioria mal treinados".

Do lado das forças de Kiev, Sak não fornece números, apenas referiu que "é uma guerra e claro que há baixas", recordando, porém, declarações do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de que em média, por cada 10 soldados russos mortos, há um ucraniano perdido.

Essa é a razão pela qual, segundo o conselheiro militar, Moscovo está a preparar uma mobilização entre um milhão e um milhão e meio de militares, "usando as suas táticas de triturador de carne", acrescentando que "a Rússia é um país grande que tem muitas pessoas desempregadas e alcoólicos, e muitos em prisões", o que leva a que "a qualidade do seu exército seja muito, muito duvidosa", alertando que "ninguém quer ver esse exército de saqueadores e violadores" à solta na Europa.

Da parte ucraniana, está envolvido na guerra um efetivo de cerca de um milhão de pessoas, e há margem para ser reforçado.

"Estamos bem por enquanto", declarou, concluindo: "Esperamos que possamos terminar isto em breve para que todas as pessoas possam voltar para casa e começar a reconstruir o nosso país".

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