Syriza lança moção de censura contra governo grego por escutas ilegais

O antigo primeiro-ministro grego e líder da oposição de esquerda, Alexis Tsipras, apresentou hoje uma moção de censura contra o Governo conservador e revelou no parlamento que um ministro e cinco militares foram colocados sob vigilância do Estado.

Syriza Alexis Tsipras

© Getty Images

Lusa
25/01/2023 15:46 ‧ 25/01/2023 por Lusa

Mundo

Grécia

Num discurso perante os deputados, o dirigente do Syriza indicou que com o objetivo de "apoiar a democracia" e na sequência de um inquérito de uma autoridade pública sobre a vigilância de um ministro e de cinco militares, o primeiro-ministro conservador, Kyriakos Mitsotakis, "não pode permanecer" no poder.

Na intervenção no parlamento, Tsipras afirmou que a rede "criminal" foi "coordenada pelo próprio primeiro-ministro" grego para vigiar não apenas um rival político mas igualmente os seus correligionários, empresários, cúpula militar e jornalistas, com o propósito de "obter informação útil" mas também para "chantageá-los" em caso de necessidade.

Esta é a segunda moção apresentada pela oposição contra o Governo, e à semelhança da anterior não deverá conseguir o objetivo pelo facto de o Nova Democracia (ND, no poder e liderado por Mitsotakis) garantir a maioria absoluta com 156 dos 300 lugares.

Mitsotakis tem assegurado desconhecer, e em particular ordenar, que os serviços secretos -- supervisionados diretamente pelo primeiro-ministro após uma reforma aprovada logo após o regresso da ND ao poder em 2019 -- vigiassem diversas pessoas por motivos de "segurança nacional", a única condição em que podem efetuá-lo.

Os nomes dos visados foram publicados há alguns meses após investigações de diversos 'media', mas até terça-feira não havia confirmação oficial, permitindo que Governo abordasse a questão como tratando-se de acusações não fundamentadas urdidas em particular pelo Syriza.

O escândalo adquiriu novas dimensões após o diretor da Autoridade para a Proteção das Comunicações, Khristos Rammos, ter enviado na terça-feira uma carta ao primeiro-ministro, ao ministro da Justiça, ao presidente do parlamento e aos líderes dos partidos na qual detalha os resultados das investigações sobre este tema.

Rammos obteve a informação através dos operadores de comunicações que tinham efetuado as escutas e há vários dias que pedia para informar a Comissão de transparência do parlamento. No entanto, o Governo rejeitou a sua comparência neste órgão, apesar de as sessões serem confidenciais, tendo então optado por informar diretamente diversos responsáveis.

Na carta, Rammos não revela os nomes, mas descreve detalhadamente o perfil das pessoas afetadas, não deixando dúvidas sobre de quem se trata.

Entre as seis -- existem outras não incluídas no documento e que Tsipras mencionou hoje --, incluem-se o atual ministro do Trabalho, Kostis Hatzidakis, o eurodeputado e agora líder dos sociais-democratas do Kinal-Pasok, Nikos Androulakis, e a cúpula militar, incluindo o chefe de Estado-maior das Forças Armadas, Konstantinos Floros.

"A sociedade grega vive há seis meses imersa em revelações sobre um número inimaginável de escutas telefónicas; imersa no mais extenso e profundo desvio dos cânones do direito que este país assistiu desde o fim da ditadura, imersa num escândalo sem precedentes", considerou Tsipras.

O debate sobre a moção de censura inicia-se hoje e a votação está prevista para a noite de sexta-feira.

A moção foi apresentada a poucos meses das eleições legislativas, com data ainda não anunciada mas previstas para a primavera, e com a ND a liderar as últimas sondagens com sete pontos de vantagem sobre o Syriza.

Leia Também: Turquia resgata 244 pessoas no Egeu e acusa Grécia de as ter repelido

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