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"Resposta seria diferente se fossem afroamericanos a invadir o Capitólio"

A intervenção policial no ataque do dia 6 de janeiro continua a ser alvo de duras críticas, sendo constantes as comparações com os protestos antirracistas de 2020.

"Resposta seria diferente se fossem afroamericanos a invadir o Capitólio"
Notícias ao Minuto

20:20 - 28/12/22 por Notícias ao Minuto

Mundo Ataque ao Capitólio

O líder da polícia na Câmara dos Representantes disse ao Congresso norte-americano que, no ataque ao Capitólio do dia 6 de janeiro de 2021, a resposta policial teria sido muito mais reforçada e diferente se os insurgentes fossem afroamericanos.

Numa entrevista ao comité de inquérito que investigou o ataque, divulgada na terça-feira, William J. Walker reafirmou críticas feitas às forças de segurança, que foi acusada de enorme falta de preparação e lentidão na resposta, perante uma ameaça tão descarada à democracia dos Estados Unidos, por parte dos apoiantes de Donald Trump.

"Sou afroamericano. Criança dos anos 60. Acho que a resposta seria vastamente diferente se fossem afroamericanos a tentar invadir o Capitólio", afirmou Walker, que era o líder da Guarda Nacional de Washington D.C. em janeiro de 2021.

As críticas de Walker são semelhantes às de muitos oficiais, incluindo de Joe Biden, que apontaram para as diferenças entre a resposta policial ao ataque ao Capitólio, e a intervenção durante os protestos antirracistas pela morte de George Floyd.

Várias investigações concluíram que as agências de segurança e de inteligência, assim como as forças policiais nacionais e do Capitólio, sabiam de antemão que estava prevista uma marcha potencialmente violenta no dia 6 de janeiro de 2021. Ainda assim, como foi documentado pelo New York Times, a presença policial era muito escassa e o atraso em chamar a Guarda Nacional terá causado ainda mais estragos e mortes.

Por contraste, o protesto pacífico de maio de 2020, contra o racismo e a violência policial, na sequência da morte de George Floyd, foi alvo de uma intervenção reforçada e agressiva por parte das autoridades, que surgiram com recursos militarizados para confrontar os manifestantes.

Walker também comentou que o número de manifestantes mortos no ataque ao Capitólio seria muito maior, caso a multidão fosse predominantemente negra. "Como agente de autoridade, eu vi o suficiente para considerar que devia ter sido usada força letal. Acho que o banho de sangue seria maior se a composição [da multidão] fosse diferente", concluiu.

Durante o ataque, morreram cinco pessoas, entre elas um polícia. Nos quatro dias que se seguiram, dois outros polícias suicidaram-se.

A invasão ao Capitólio continua a ser investigada pelas autoridades judiciais norte-americanas, especialmente no âmbito da influência de Donald Trump no incentivo à violência a que se assistiu. O antigo presidente organizou um comício no dia do ataque e incentivou claramente a que os seus apoiantes fossem ao Capitólio e interrompessem o processo de certificação dos resultados eleitorais de 2020, que deram a vitória a Joe Biden.

Desde então, as milhares de imagens nas redes sociais e de vigilância permitiram acusar quase mil pessoas por diversos crimes. Mais de 460 assumiram a culpa pelos crimes e centenas já foram considerados culpados pelos tribunais, condenados a penas entre os poucos meses aos dez anos de prisão.

Entre os condenados estão membros de milícias armadas de extrema-direita, como os Proud Boys e os Oath Keepers, que ajudaram a organizar o ataque em nome do presidente Donald Trump.

Leia Também: Comité acusa Trump de "conspiração multifacetada" para anular eleições

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