Igreja Ortodoxa Sérvia pede que se evite conflito no Kosovo
O patriarca da Igreja Ortodoxa Sérvia, Porfírio, alertou hoje para o risco de um conflito armado no Kosovo e pediu ao Governo sérvio que atue para garantir a paz.

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Mundo Kosovo
"Devemos fazer todo o possível para que, a todo custo, a paz seja preservada e pedi ao Presidente [da Sérvia] e ao Governo que façam todo o possível para que (...) não haja um conflito armado, porque isso não traria nada de bom a ninguém", declarou aos jornalistas o patriarca, que se encontrou hoje com o Presidente sérvio, Aleksandar Vucic.
Porfírio também convocou as "grandes potências" para ajudarem neste objetivo.
O patriarca da Igreja Ortodoxa Sérvia insistiu que os sérvios e os albaneses, que compõem a maioritariamente a população no Kosovo, convivem há séculos naquela ex-província sérvia, e garantiu que "se houver boa vontade, pode encontrar-se um caminho que leve a um quadro em que haja lugar para todos".
As autoridades proibiram na segunda-feira a entrada de Porfírio no Kosovo, quando há um aumento da tensão no norte do Kosovo, onde a minoria sérvia mantém estradas bloqueadas nos últimos 10 dias.
O principal líder religioso sérvio tinha planos para visitar os fiéis ortodoxos sérvios, mosteiros e igrejas no Kosovo de 26 a 28 de dezembro, incluindo a sede do antigo Patriarcado Ortodoxo em Pec.
Considerado pacífico e tolerante, Porfírio é conhecido pelos seus apelos à paz e à reconciliação entre sérvios e albaneses de Kosovo.
Novas barricadas, montadas hoje com camiões carregados, foram colocadas durante a noite em Mitrovica, uma cidade do norte de Kosovo dividida entre sérvios e albaneses étnicos - os que representam a maioria da população no Kosovo.
É a primeira vez desde o início da recente crise que a minoria sérvia bloqueia estradas numa das principais cidades do país. Até agora, os bloqueios tinham sido montados nas estradas que levam à fronteira entre o Kosovo e a Sérvia.
Para removerem as barricadas de camiões e de outros veículos, os sérvios exigem a libertação de vários ex-agentes de segurança detidos nas últimas semanas pela polícia kosovar, alegando que a sua detenção apenas visou intimidar a população sérvia.
A minoria sérvia também exige a retirada das unidades especiais de polícia kosovar no norte, insistindo que a sua implantação viola os acordos de normalização, alcançados com a mediação da União Europeia (UE), que deixam os poderes de policiamento para os sérvios.
Os kosovares pediram à Força de Manutenção da Paz do Kosovo (KFOR), missão da NATO no país, para remover as barricadas e deu a entender que as forças de Pristina o farão se esta unidade da Aliança Atlântica não reagir.
Cerca de 4.000 soldados da paz liderados pela NATO estão estacionados no Kosovo desde a guerra de 1999, que terminou com a perda do controlo de Belgrado sobre o território.
Qualquer intervenção armada sérvia no Kosovo provavelmente resultaria num confronto com as forças da NATO e significaria uma grande escalada de tensões nos Balcãs, que ainda estão a se recuperar da sangrenta dissolução da ex-Jugoslávia na década de 1990.
As tensões entre o Kosovo, que declarou independência após uma guerra em 2008, e a Sérvia atingiram o seu pico no mês passado. As tentativas ocidentais de chegar a um acordo negociado falharam, com a Sérvia recusando-se a reconhecer o Estado do Kosovo.
A KFOR e a União Europeia pediram a Pristina e Belgrado que mostrassem moderação e evitassem provocações.
O Kosovo continua a ser um potencial ponto crítico nos Balcãs anos após a guerra de Kosovo de 1998-99, que terminou com uma intervenção da NATO que expulsou as tropas sérvias da sua antiga província.
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