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Governo acusa autarca de contratar terroristas para câmara de Istambul

O Governo turco enviou ao Ministério Público um relatório de 500 páginas relacionado com uma nova acusação ao presidente da Câmara de Istambul, Ekrem Imamoglu, responsabilizando-o pela contratação de terroristas enquanto esteve à frente do município.

Governo acusa autarca de contratar terroristas para câmara de Istambul
Notícias ao Minuto

13:18 - 22/12/22 por Lusa

Mundo Turquia

O relatório, elaborado e enviado pelo Ministério do Interior turco, foi já rejeitado pela oposição turca, que afirma tratar-se de mais uma invenção para desacreditar Imamoglu, potencial adversário do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan nas presidenciais de junho de 2023 e condenado este mês a dois anos e sete meses de prisão e privado dos seus direitos políticos por "insulto" a membros do colégio eleitoral.

O Ministério Público turco confirmou a receção do documento e adiantou que irá agora analisá-lo para decidir se acusa formalmente Imamoglu ou se arquiva o processo.

Numa entrevista publicada hoje pelo jornal Cumhuriyet, Imamoglu define-se como "o pesadelo de Erdogan" e refere que, tal como o partido do presidente, o islamita AKP, perdeu a presidência da câmara de Istambul nas eleições autárquicas de 2019, também irá perder a Turquia nas próximas presidenciais.

Imamoglu disse que Erdogan "sente medo" porque sabe que "quem ganha Istambul, ganha a Turquia", alertando que todo o tipo de conspirações e artimanhas vão aparecer até à votação presidencial de junho do próximo ano.

O Partido Social-Democrata (CHP), principal partido da oposição e ao qual pertence Imamoglu, denunciou que o Governo central quer demitir o autarca e substituí-lo por um administrador, para aproveitar os grandes recursos económicos da Câmara Municipal nas próximas eleições.

"O que está a acontecer não pode ser explicado num Estado de direito. Não há explicação judicial. O ministro do Interior pode remover um presidente da câmara eleito com os votos de 16 milhões de habitantes de Istambul?", questionou Seyit Torun, vice-presidente do CHP.

O Ministério do Interior acusou a Câmara Municipal de ter empregado no passado 1.668 pessoas ligadas diretamente, ou através de familiares, a vários grupos terroristas, desde a guerrilha marxista curda, a uma seita islâmica e um movimento de extrema-esquerda.

A 17 deste mês, Erdogan rejeitou qualquer responsabilidade na condenação do presidente da câmara de Istambul, que levou a manifestações da oposição turca e a críticas internacionais.

"O que está por trás da tempestade desencadeada sobre um veredicto nos últimos dias?", questionou o chefe de Estado turco, reagindo à condenação de Imamoglu.

"Esse debate não tem nada a ver connosco, nem comigo, nem com a nossa nação", insistiu, sugerindo que as reações à sentença resultam de rivalidades internas na oposição turca.

Um dia depois da condenação, milhares de pessoas manifestaram-se em Istambul para apoiar Imamoglu, considerado um candidato sério para a oposição, após ter conquistado em maio de 2019 a principal cidade da Turquia ao partido de Erdogan.

A condenação suscitou também uma vaga de reprovação internacional com os Estados Unidos a afirmarem estarem "profundamente preocupados e desiludidos" e a Alemanha a falar num "golpe duro para a democracia".

Erdogan anunciou em junho passado a candidatura às próximas presidenciais, mas a aliança da oposição, composta por seis partidos, ainda não designou o seu candidato.

"Não nos importa quem será o candidato da oposição", afirmou o Presidente turco, que pediu à oposição para ter "a coragem" de anunciar o seu candidato.

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