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Irão. Novas manifestações assinalam início do quarto mês de contestação

Dezenas de pessoas saíram hoje às ruas no sudeste do Irão, indicam imagens partilhadas por grupos de direitos humanos, enquanto a onda de protestos desencadeada pela morte de Mahsa Amini entrou no quarto mês.

Irão. Novas manifestações assinalam início do quarto mês de contestação
Notícias ao Minuto

16:57 - 16/12/22 por Lusa

Mundo Irão

As imagens, confirmadas pela agência noticiosa France-Presse (AFP), mostram várias dezenas de manifestantes em Zahedan, capital do Sistão-Balochistão, a gritarem palavras de ordem como "morte ao ditador", numa referência ao líder supremo do Irão, ayatollah Ali Khamenei, segundo um vídeo divulgado pela organização Iran Human Rights (IHR), com sede em Oslo.

Outras imagens de Zahedan, igualmente confirmadas pela AFP, mostram multidões de homens, alguns segurando cartazes com 'slogans' contra o regime teocrático de Teerão, bem como um grupo de mulheres vestidas de preto a andar pelo que parece uma rua próxima, entoando também palavras de ordem contra Khamenei.

O Irão tem sido assolado por protestos desde a morte, a 16 de setembro, da jovem curda iraniana Mahsa Amini, 22 anos, que foi detida e espancada pela polícia dos costumes três dias antes, após ter sido acusada de violar o rígido código de indumentária do regime, nomeadamente o uso indevido do 'hijab', o véu islâmico.

Centenas de pessoas foram mortas e milhares de outras presas durante os protestos, o que tem gerado condenações internacionais, sanções e a expulsão do Irão, quarta-feira, de uma comissão das Nações Unidas sobre os direitos das mulheres.

A empobrecida e remota província de Sistão-Baluchistão, de maioria sunita (o Irão é maioritariamente xiita), está localizada na fronteira com o Afeganistão e o Paquistão e é habitada pela minoria Baloch, alvo da discriminação por parte de Teerão, segundo asseguram várias organizações não-governamentais.

A província tem sido palco de violência, muitas vezes mortal, antes mesmo dos protestos irromperem por todo o país.

Segundo o grupo de direitos humanos HRANA, com sede nos Estados Unidos, centenas de pessoas reuniram-se após as orações de hoje em Zahedan.

As manifestações acontecem todas as semanas na cidade desde a morte, a 30 de setembro, de mais de 90 pessoas nas manifestações contra a suposta violação de uma adolescente por um agente da polícia.

Segundo indicam vários especialistas citados pela AFP, os baluchis inspiraram-se nas manifestações provocadas pela morte de Mahsa Amini, inicialmente motivadas pela defesa dos direitos das mulheres e que se estenderam, depois, a outras reivindicações.

Na semana passada, um clérigo foi morto após ter sido sequestrado na sua mesquita em Khash, na mesma província.

Terça-feira, o Procurador do Ministério Público de Zahedan, Mahdi Shamsabadi, disse que os assassinos do clérigo Abdelwahed Rigi foram presos, acusando os supostos perpetradores de pretenderem "semear a discórdia" entre as comunidades sunita e xiita.

Segundo o mais recente relatório do IHR, divulgado a 07 deste mês, pelo menos 458 pessoas foram mortas na repressão às manifestações no Irão desde meados de setembro. Segundo a ONU, mais de 14.000 foram presas.

A 03 deste mês, o Conselho Supremo de Segurança Nacional admitiu que "mais de 200 pessoas" foram mortas nas manifestações de protesto, incluindo membros dos serviços de segurança.

A justiça iraniana declarou ter pronunciado 11 sentenças de morte em ligação às manifestações. As duas primeiras execuções já ocorreram, a de Mohsen Shekari, a 08 deste mês, e a de Majidreza Rahnavard, na passada segunda-feira, ambos de 23 anos. 

Rahnavard foi enforcado em público e não na prisão.

Hoje, a Amnistia Internacional (AI) disse que pelo menos 26 pessoas correm o risco de execução devido aos protestos no Irão.

De acordo com a organização de defesa dos direitos humanos, com sede em Londres, o Irão é o segundo país com maior número de execuções, só atrás da China.

Leia Também: Irão critica resolução dos EUA para tirar país de comissão para mulheres

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