Guia supremo do Irão cético sobre compromissos de segurança do Iraque
O guia supremo do Irão, o 'ayatollah' Ali Khamenei, manifestou hoje o seu ceticismo sobre os compromissos do Iraque em garantir a segurança da fronteira entre os dois países, durante um encontro em Teerão com o primeiro-ministro iraquiano.
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Mundo Irão
O regime de Teerão acusa os grupos de oposição curdos iranianos, estacionados na região autónoma do Curdistão iraquiano, de promoverem ataques no seu território com infiltrações a partir do Iraque, e ainda de encorajarem as manifestações que estão a abalar o Irão desde a morte, em setembro, de uma jovem curda iraniana que estava sob custódia policial.
O Governo iraquiano comprometeu-se recentemente a deslocar forças para a zona fronteiriça do Curdistão iraquiano com o objetivo de tranquilizar Teerão.
Hoje, na capital da República Islâmica, o primeiro-ministro do Iraque, Mohammed Shia al-Sudani, assegurou que o seu Governo não autorizará qualquer fação a utilizar o território iraquiano para atentar à segurança do Irão.
Em resposta, e segundo noticiou a agência oficial Irna, Ali Khamenei apontou que "infelizmente é isso que está a acontecer atualmente em certas regiões do Iraque".
"A única solução é que o Governo central iraquiano estenda a sua autoridade a essas regiões", acrescentou.
O guia supremo também lamentou que os acordos concluídos entre os dois países não tenham sido aplicados, "em particular na cooperação económica, trocas de mercadorias e transportes ferroviários".
Horas antes, Mohammed Shia al-Sudani, que assumiu há um mês as funções de primeiro-ministro, reuniu-se também em Teerão com o Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, encontro que era aguardado com a expectativa de uma melhoria nas relações entre os dois países.
As relações entre os dois países estiveram tensas nos últimos meses, quando o Iraque foi palco de um impasse entre os dois inimigos do xiismo político: o líder religioso Moqtada Sadr e o Quadro de Coordenação, uma aliança de partidos pró-Irão.
"Do nosso ponto de vista e do Governo iraquiano, a segurança, a paz, a cooperação e a estabilidade na região são muito importantes. O combate aos grupos terroristas, ao crime organizado, às drogas e a qualquer insegurança que ameace a região assenta na vontade comum dos dois países", disse Raisi, numa conferência de imprensa conjunta.
Por seu lado, o primeiro-ministro iraquiano declarou que Bagdad está "determinada" a impedir que "qualquer grupo ou partido utilize o território iraquiano para [...] ameaçar a segurança do Irão", sublinhando que os dois países vão criar um "mecanismo de coordenação no terreno para evitar qualquer escalada".
No domingo, ao anunciar a deslocação a Teerão, fontes oficiais citadas pelo jornal iraquiano Al Sharq indicaram que, além da situação no Curdistão, Raisi e Al-Sudani iriam discutir "a evolução das conversações diplomáticas entre a Arábia Saudita e o Irão", em que o Iraque atua como mediador.
Na passada sexta-feira, os Guardiães da Revolução do Irão, o exército ideológico iraniano, enviaram unidades blindadas e infantaria para as regiões curdas do país, na fronteira com o Curdistão iraquiano, depois de denunciarem "movimentos suspeitos" de grupos de "oposição curda".
Um dia antes tinha sido Bagdad a anunciar os seus próprios movimentos militares em resposta a ataques do Irão e da Turquia sobre posições suas na região.
Há semanas que o Irão lança ataques transfronteiriços com mísseis e 'drones' (aparelhos aéreos não tripulados) contra grupos da oposição curdo-iraniana, que culpa por incitar protestos no seu país pela morte da jovem curda iraniana Mahsa Amini.
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