Quatro meses de prisão para russo por fazer 'drone' sobrevoar Noruega
Um tribunal da Noruega condenou hoje um turista russo a 120 dias de prisão efetiva por violar as sanções impostas à Rússia após a invasão da Ucrânia e colocar 'drones' (aeronaves não tripuladas) a voar no país nórdico.
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Mundo Rússia
A sentença exclui que o homem tenha realizado ações de espionagem, mas considera que a proibição imposta a cidadãos e empresas russos de usar aeronaves para sobrevoar território norueguês se aplica a todos os casos, independentemente do seu propósito.
O indivíduo -- identificado pela imprensa norueguesa como Vitaly Alexandrovich Rustanovich, de 50 anos e que também tem passaporte israelita -- foi detido a 11 de outubro em Storskog, no norte do país, quando regressava de carro à Rússia, e lhe foram confiscados discos rígidos e 'drones'.
No julgamento, o cidadão russo explicou que tinha viajado até à Noruega para ajudar um amigo que arrenda cabanas, produzindo material fotográfico e videográfico da natureza.
Rustanovich, que se encontra em prisão preventiva desde a sua detenção, admitiu os factos, mas declarou-se inocente, garantindo que desconhecia a proibição e sublinhando que não tinha filmado nada de comprometedor.
Vários cidadãos russos foram detidos nos últimos meses por colocar 'drones' em voo sobre o território norueguês, sob a acusação de infringir as sanções impostas a Moscovo pela União Europeia (UE), de que a Noruega não faz parte, mas à maioria das quais se juntou, depois da ofensiva russa lançada na Ucrânia a 24 de fevereiro deste ano e ainda em curso.
Um deles, um cidadão russo de 34 anos que abandonou a Rússia para escapar à mobilização para o exército, foi na passada quarta-feira condenado a 90 dias de prisão efetiva por ter colocado "várias vezes" no ar um 'drone' no sul do país, apesar de só ter fotografado e filmado paisagens.
Particularmente atenta à segurança das suas instalações de produção de energia, a Noruega, agora o principal fornecedor de gás natural da Europa, incluiu a utilização de 'drones' nessa proibição de sobrevoo do seu espaço aéreo.
Os casos despertaram críticas de juristas noruegueses, bem como das autoridades russas, que na segunda-feira convocaram o embaixador do país escandinavo em Moscovo para expressar o seu protesto.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo transmitiu a Robert Kvile a natureza "inaceitável" de tais detenções, que Moscovo classificou como "politicamente motivadas" e não tendo "nada que ver com os princípios de uma justiça justa e imparcial".
A Rússia instou ainda as autoridades norueguesas a "pôr fim a essas ações russófobas e à perseguição de cidadãos russos com base na sua nacionalidade".
"O nosso embaixador aproveitou esta oportunidade para informar [a Rússia] da legislação norueguesa em matéria de sanções", indicou na segunda-feira um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Oslo, Lars Gjemble, comentando a convocação do diplomata.
"Ele também abordou os casos em curso nos tribunais noruegueses. A reunião realizou-se num ambiente positivo", acrescentou.
O encontro ocorreu na véspera do início, hoje, em Tromsø (norte da Noruega), de outro julgamento envolvendo Andreï Iakunin, filho do ex-diretor da empresa gestora da rede ferroviária russa RZhD, Vladimir Iakunin, considerado próximo do Presidente russo, Vladimir Putin.
De nacionalidade anglo-russa, ele é acusado de ter colocado no ar um 'drone' e ter feito gravações em Svalbard, durante uma viagem de iate em volta desse arquipélago situado num ponto estratégico, em pleno coração do Ártico.
O seu advogado tenciona invocar a sua nacionalidade britânica para conseguir que seja ilibado.
No mês passado, a embaixada da Rússia em Oslo tinha já criticado a "psicose" que se apoderou, na sua opinião, da Noruega, Estado-membro da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental) com o qual a Rússia partilha uma fronteira de 198 quilómetros de comprimento.
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