O Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) indicou que estes números poderão aumentar "se as chuvas continuarem" e especificou que as áreas mais afetadas são os estados do Bahr al-Ghazal do Norte, Warab, Unidade e Equatorial Ocidental. Além disso, 20.000 pessoas foram afetadas em Abyei, que está em disputa com o Sudão.
"As inundações e fortes chuvas continuam a afetar as pessoas em todo o país, incluindo Jonglei, Lagos, Bahr al-Ghazal do Norte, Bahr al-Ghazal Ocidental, Unidade, Alto Nilo, Warab e Equatorial Ocidental", acrescentou, lamentando a morte de pessoas e a destruição de campos, casas, escolas e centros de saúde.
Recordou, também, que o Governo do Sudão do Sul declarou uma catástrofe nacional em várias áreas e lançou um apelo à ajuda internacional, antes de sublinhar que o Fundo Humanitário do Sudão do Sul e o Fundo Central de Resposta a Emergências (CERF) reservaram quase 90 milhões de dólares (92,14 milhões de euros) para 2022.
As Nações Unidas advertiram na quinta-feira que os níveis de grave insegurança alimentar no Sudão do Sul estão em valores recorde, ultrapassando os números registados durante o conflito, uma situação que foi exacerbada pelas alterações climáticas, que provocaram inundações e secas nos últimos meses no país africano.
A agência afirmou, numa declaração, que quase dois terços da população, ou cerca de 7,8 milhões de pessoas, poderiam estar em grave insegurança alimentar entre abril e julho de 2023, incluindo 1,4 milhões de crianças desnutridas. Reforçou que algumas comunidades poderiam enfrentar a fome se a assistência humanitária internacional não fosse aumentada.
O Sudão do Sul está a viver o seu quarto ano consecutivo de inundações, com 40% do território do país já debaixo de água.
Fortes chuvas e cheias repentinas continuam a afetar dezenas de milhares de pessoas no país, onde milhares de casas foram destruídas ou danificadas em 15 estados.
A insegurança alimentar, resultante das inundações e da seca, juntamente com conflitos, efeitos da pandemia de covid-19 e preços elevados dos alimentos e combustíveis forçaram as pessoas a abandonar as suas casas.
O Sudão do Sul tem um Governo de unidade que arrancou na sequência da concretização do acordo de paz assinado em 2018 pelo Presidente Salva Kiir e pelo líder rebelde Riek Machar, que foi renomeado para o cargo que ocupava antes da guerra civil. Entre as principais questões pendentes está a unificação das forças de segurança, agendada para novembro.
Leia Também: Fome ameaça oito milhões de pessoas no Sudão do Sul