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Palestina é "a mãe de todas as causas", diz presidente argelino

O Presidente argelino defendeu que a questão palestiniana constitui a "primeira e principal causa" dos esforços que Argel para combater Israel, numa altura em que a atenção das comunidades árabes e internacionais se volta para outros conflitos e crises.

Palestina é "a mãe de todas as causas", diz presidente argelino
Notícias ao Minuto

12:48 - 02/11/22 por Lusa

Mundo Liga Árabe

Ao abrir a 31.ª Cimeira da Liga Árabe, que começou terça-feira e termina hoje em Argel, Abdelmadjid Tebboune salientou que o Governo argelino vai desencadear "esforços consideráveis" dentro da organização que congrega 22 países para reafirmar o apoio aos palestinianos no conflito com Israel.

"A nossa principal e primeira causa, a mãe de todas as causas, a questão palestina, estará no centro das nossas preocupações e é nossa principal prioridade", disse Tebboune, responsabilizando Israel pela "contínua ocupação" dos territórios palestinianos, uma vez que Telavive continua a "expandir os colonatos ilegais".

A Argélia, tal como outros países árabes, continua a opor-se veementemente à série de acordos de normalização que os Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos assinaram com Israel nos últimos três anos e que dividiram a região em dois campos. O Sudão também concordou em estabelecer laços com Israel.

Ao contrário de Tebboune, que centrou a maior parte da intervenção na questão palestiniana, o secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, declarou que a prioridade deve passar por ultrapassar os desafios climáticos, alimentares e energéticos, razão pela qual pediu uma "estratégia árabe unificada".

"Precisamos de uma estratégia árabe unificada para lidar com a crise através de uma abordagem coletiva que tem de se desenvolver. A estratégia de segurança alimentar apresentada na cimeira é um exemplo do que os países árabes podem fazer", disse Gheit.

O secretário-geral lembrou que a região árabe está no centro da crise, acrescentando que é considerada um "pilar" na equação de abastecimento energético, mas é também "a primeira vítima" das alterações climáticas, observando ainda que o Magrebe e o Médio Oriente estão a braço com uma ameaça à segurança alimentar.

Gheit alertou que os países desta região estão a ser afetados pela "pobreza hídrica", criticando, sem nomear, o comportamento ilegal de alguns dos Estados-membros que "criam ainda maiores problemas com um consumo desregulado de água".

Destacando que a guerra na Ucrânia está a provocar "repercussões económicas negativas" que perdurarão por muito tempo, o secretário-geral da Liga Árabe acrescentou que a região árabe está a braços com uma "crise de segurança alimentar". 

Além disso, Gheit realçou que vários países árabes, também sem os identificar, estão sujeitos a "ameaças de partidos não árabes, terroristas e milícias que procuram impor uma supremacia" sobre os governos na região.

O principal objetivo da cimeira de Argel, cuja declaração final será divulgada no final dos trabalhos, passa por encontrar um consenso sobre questões que dividem a região, numa altura em que se regista um cenário de inflação crescente, escassez de alimentos e de energia, seca e um aumento do custo de vida no Oriente Médio e na África do Norte e subsaariana.

As preocupações agravam-se face ao facto de a Rússia ter reforçado sábado o bloqueio aos portos ucranianos do Mar Negro, o que ameaça aumentar ainda mais a crise, com muitos países árabes quase dependentes apenas das exportações de trigo e fertilizantes ucranianos e russos.

Desta forma, os reis, emires, presidentes e primeiros-ministros estão a discutir questões espinhosas, como o estabelecimento de laços diplomáticos entre Israel e quatro países árabes, já que o ex-primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu e seus aliados da extrema-direita parecem estar a caminhar para uma nova vitória nas eleições de domingo.

A Argélia preside a cimeira com o objetivo de promover uma ação conjunta para manter a segurança e a estabilidade na região e promover os interesses árabes, especialmente diante de múltiplos desafios internacionais e regionais.

Os líderes árabes abordarão ainda hoje uma série de projetos de resolução que foram preparados na reunião de nível dos respetivos chefes da diplomacia relacionados com, além da questão palestiniana, o conflito israelo-árabe, solidariedade e apoio ao Líbano, bem como às crises político-militares na Síria, Líbia, Iémen e ainda no conflito entre Marrocos e a Frente Polisário, apoiada pela Argélia, sobre a questão do Saara Ocidental.

A cimeira também oferece uma oportunidade à Argélia -- o maior país da África por território -- mostrar sua liderança no mundo árabe, tendo em conta que é um dos maiores produtores de petróleo e gás e que está a ser encarada pela Europa como um "fornecedor chave" no meio da atual crise global de energia.

Leia Também: Embaixador argelino em Lisboa relativiza exportações de gás para Portugal

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