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UE pressiona Sérvia a alinhar-se com política dos 27 e sancionar Rússia

A presidente da Comissão Europeia (CE) relevou hoje na cidade sérvia de Nis (sudoeste) a importância de Belgrado harmonizar a política externa com a dos 27, incluindo a ligada à estratégia de sanções à Rússia pela invasão à Ucrânia.

UE pressiona Sérvia a alinhar-se com política dos 27 e sancionar Rússia
Notícias ao Minuto

18:38 - 28/10/22 por Lusa

Mundo UE

"A Sérvia fez muito em reformas para avançar para a União Europeia (UE), mas é importante alinhar-se com a nossa política externa e de segurança comuns, porque ingressar na UE significa partilhar os mesmos valores e seguir na mesma direção com outros nas decisões políticas", disse Ursula von der Leyen.

"Contamos com a Sérvia como um parceiro de confiança", acrescentou a chefe do executivo comunitário durante uma conferência de imprensa na cidade de Nis, onde se encontrou com o Presidente sérvio, Aleksandar Vucic, a quem pediu que Belgrado se junte às severas sanções financeiras e económicas impostas pelos 27 à Rússia.

A Sérvia, país que mantém uma longa tradição de relações de amizade com a Rússia, recusou-se até agora a adotar medidas punitivas contra o Kremlin, embora tenha condenado a agressão à Ucrânia e tenha reiterado em fóruns internacionais o apoio ao princípio da integridade territorial.

Por outro lado, Von der Leyen considerou um passo na "direção absolutamente correta" o facto de a Sérvia ter concordado em modificar a política de vistos antes do final do ano, alinhando-a com a da UE.

Especificamente, Bruxelas pediu a Belgrado que exigisse vistos a cidadãos de países como Índia, Burundi e Tunísia, entre outros, depois de se verificar a chegada ao território da UE, via Sérvia, de um número crescente de pessoas dessas nações.

Como "contrapartida", Von der Leyen anunciou uma ajuda imediata de 165 milhões de euros ao orçamento sérvio para fazer face ao impacto do forte aumento dos preços da energia.

Em Nis, Vucic e a presidente da CE visitaram as obras em curso para a interligação de gás entre a Sérvia e a Bulgária, financiada a 80% pela UE, para que Belgrado diversifique as fontes de energia e reduza a forte dependência da Rússia que tem nesta área.

"Este projeto será um passo para nos aproximar. [...] A diversificação para fornecedores confiáveis é de extrema importância para nós", frisou Von der Leyen, acrescentando que a UE investirá a médio prazo 500 milhões de euros para melhorar a infraestrutura energética em toda a região dos Balcãs Ocidentais.

Von der Leyen chegará a Belgrado esta noite para continuar as negociações com altos funcionários sérvios.

A Sérvia é uma escala do périplo de Von der Leyen pelos Balcãs Ocidentais, que já a levou no decorrer desta semana à Macedónia do Norte, Kosovo, Albânia e Bósnia-Herzegovina, e que termina sábado no Montenegro.

Mas a visita de Von der Leyen à Sérvia ocorre apenas dois dias após o novo Governo sérvio ter obtido formalmente a aprovação do Parlamento, cerca de seis meses depois de umas eleições que reafirmaram o domínio de Vucic e dos populistas de direita.

O novo Governo é liderado por Ana Brnabic, que cumprirá o terceiro mandato consecutivo como primeira-ministra, e terá de lidar com os pedidos do Ocidente para a implementação de sanções contra a Rússia devido à guerra na Ucrânia e estabilizar as relações com o Kosovo -- se quiser fazer parte da UE.

O novo Executivo é composto por 28 ministros, incluindo alguns pró-russos, como o ministro dos Negócios Estrangeiros, Ivica Dacic. Mas também tem funcionários considerados pró-ocidentais, que vão, porém, liderar ministérios menos proeminentes e que terão pouco a dizer sobre as futuras decisões de política externa da Sérvia.

Vucic, que lidera o Partido Progressista Sérvio (SNS, na sigla sérvia) e tem influência quase total em todas as políticas do Governo, disse que tem "confiança ilimitada" em Brnabic, de 47 anos, que em 2017 se tornou a primeira mulher primeira-ministra -- e abertamente homossexual -- da Sérvia.

No seu discurso inaugural, Brnabic tentou minimizar as alegações de que o novo Governo é pró-Rússia ou pró-Ocidente.

"Estamos a construir uma Sérvia europeia e a própria adesão [à UE] certamente não depende de nós. A Sérvia também quer continuar a investir nas suas amizades com outros países", acrescentou, numa aparente referência à Rússia e à China.

Embora a maior parte do comércio exterior seja com os Estados-membros da UE, a Sérvia é quase totalmente dependente do gás russo e comprou armas à Rússia, enquanto a China é o grande investidor no país.

Vucic, um ex-ultranacionalista antiocidental, disse que quer levar a Sérvia para a UE, mas recusou-se a aderir às sanções contra a Rússia e mantém relações amigáveis com Moscovo, apesar da guerra na Ucrânia.

A Rússia exerce uma forte influência política na Sérvia, considerada a aliada mais forte de Moscovo, havendo receio no Ocidente de que o Kremlin esteja a usar Belgrado para desestabilizar os Estados vizinhos nos Balcãs, que ainda sofrem com as guerras devastadoras dos anos 1990.

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