"Em Zaporijia, o pessoal ucraniano continua a operar a central, mas agora há mais pessoal técnico russo a trabalhando no local", disse Grossi em comunicado.
O diretor da AIEA lembrou que a Rússia controla a instalação, "incluindo agora a tomada de importantes decisões operacionais, após a criação de uma organização operacional estatal russa para o local, com sede em Moscovo", apesar da Agência considerar que a central continua a ser ucraniana.
Grossi "expressou a sua preocupação com a possível confusão em relação à cadeia de comando do funcionamento da central, que poderia afetar negativamente a segurança nuclear".
A AIEA, que enviou para a central nuclear de Zaporijia - a maior da Europa -, uma missão composta por quatro especialistas para acompanhar a situação, revela que já houve alguns problemas na coordenação dos trabalhos.
"Por exemplo, a equipa operacional ucraniana de alto nível planeava voltar a colocar em marcha a unidade cinco do reator, mas atualmente ainda está em modo parada a quente, uma vez que as autoridades russas não concordaram em reiniciá-la".
Atualmente, como apenas uma linha de energia externa de 750 quilowatts está em operação - em comparação com quatro antes da invasão da Ucrânia pela Rússia - o fornecimento de energia pode "se deteriorar a qualquer momento", alertou Grossi.
No entanto, embora a segurança nuclear de Zaporijia "continue precária", a central recebeu diretamente e sem interrupção "a energia necessária para o resfriamento do reator e outras funções essenciais de segurança", acrescentou.
O líder da AIEA insistiu na necessidade de estabelecer uma zona de proteção ao redor da central nuclear, posição que defendeu nesta quinta-feira numa reunião à porta fechada do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Grossi havia apontado na semana passada que continuava com as consultas para tentar chegar a um acordo com as partes para criar uma zona de proteção, tendo insistido ser "imperativo" alcançar esse pacto "o mais rápido possível".
A AIEA está a negociar com Moscovo e Kiev para que a central não seja alvo militar ou usada como base para lançar ataques, e para tal Grossi reuniu-se recentemente com os Presidentes da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e da Rússia, Vladimir Putin.
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