"Acreditamos que é muito importante que todos tenham acesso à informação, e isso inclui o acesso à Internet", disse Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, num 'briefing' à imprensa.
Dujarric destacou que estes cortes e bloqueios dos serviços de Internet já foram observados em outros países na sequência de vagas de protestos, mas insistiu que para as Nações Unidas é fundamental que a população tenha acesso à informação.
O Irão está a impor pesadas restrições à Internet, com as redes móveis a serem cortadas durante os períodos da tarde e da noite, quando os protestos têm ocorrido.
Já o serviço através das redes fixas está muito lento, tornando o funcionamento quase impossível.
Aplicações como o WhatsApp e o Instagram, entre os poucos permitidos no Irão, foram bloqueados, juntando-se assim ao Facebook e ao Twitter, que nunca estão acessíveis no país, embora os utilizadores consigam aceder através de 'VPN' (serviço de conexão de rede protegida), que também estão a falhar.
Sobre os próprios protestos, Dujarric disse que a ONU quer ver "o fim da violência", pedindo ainda que o direito ao protesto pacífico seja garantido e que "as forças de segurança não usem força desproporcional ou letal contra os manifestantes".
As Nações Unidas já expressaram em várias ocasiões a sua preocupação com o número de vítimas registadas nos protestos.
A televisão estatal iraniana afirmou há três dias que 41 pessoas morreram, mas esclareceu que esta é a sua própria contagem e não são números oficiais.
Outras fontes, como a organização não-governamental (ONG) 'Iran Human Rights', com sede em Oslo, apontam para 76 mortos.
António Guterres também pediu uma investigação rápida e "imparcial" sobre a morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que morreu após ter sido detida pela designada Polícia da Moral.
A força policial deteve a jovem sob a acusação de falta de cumprimento das regras de vestuário para as mulheres.
A morte de Mahsa Amini desencadeou uma vaga de protestos no Irão, que têm degenerado em incidentes e confrontos com as forças policiais.
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