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Família de Shireen apresenta queixa no TPI depois de novo relatório

A jornalista palestiniana foi morta por soldados israelitas enquanto cobria uma rusga, e o exército de Israel continua a negar acusações por testemunhas de que alvejou diretamente a repórter. Mas um novo relatório prova que a jornalista foi morta propositadamente.

Família de Shireen apresenta queixa no TPI depois de novo relatório
Notícias ao Minuto

20:20 - 21/09/22 por Notícias ao Minuto

Mundo Palestina

A família da jornalista palestiniana Shireen Abu Akleh apresentou formalmente uma queixa no Tribunal Penal Internacional (TPI), que incluiu provas de um recente relatório que demonstra que a repórter, morta em maio, foi deliberadamente alvejada por forças israelitas.

Num comunicado, citado pelo The Guardian, a família afirma que as provas contra Israel são "avassaladoras".

"Passaram quatro meses desde que Shireen foi morta. A nossa família não devia esperar mais um dia para ter justiça. É obvio que que os criminosos de guerra israelitas não podem investigar os seus próprios crimes", denuncia o comunicado, afirmando ainda que os Estados Unidos têm "uma obrigação de investigar e ter ações concretas contra um dos seus cidadãos" (Shireen tinha também nacionalidade norte-americana).

Shireen Abu Akleh, de 51 anos, foi morta em maio, enquanto cobria (devidamente identificada com um colete de imprensa) mais uma rusga da Força de Defesa Israelita (IDF, na sigla em inglês), contra civis palestinianos em Jenin. Várias testemunhas no local, assim como relatórios da Organização das Nações Unidas, deixaram claro que as forças israelitas foram responsáveis pela sua morte, e muitos afirmaram que, devido ao ângulo da bala que a atingiu na cabeça, seria impossível que o tiro tivesse sido acidental.

No entanto, Israel negou imediatamente quaisquer responsabilidades e atirou a culpa para militantes palestinianos. Desde então, mudou a sua posição para assumir que o tiro poderá ter surgido por forças israelitas, mas reitera que a morte foi acidental e recusa-se a investigar quaisquer crimes pelo seu exército.

Um novo relatório, no entanto, veio deitar por terra as alegações israelitas.

Realizado em conjunto por uma instituição da Universidade de Londres especializada em estudos forentes, e a al-Haq, uma organização não-governamental palestiniana, o documento é a maior e mais específica descrição do incidente até agora, e enuncia que a jornalista foi intencionalmente atacada, assim como os colegas e um civil que tentaram prestar-lhe primeiros socorros.

A investigação incluiu imagens de drones, análises de áudio, uso de geolocalização em vídeos, fotos de testemunhas e imagens nunca antes vistas de um fotojornalista da Al Jazeera, presente no local.

A investigação concluiu que o atirador-furtivo que matou Shireen pôde identificar claramente o grupo de jornalistas mas, mesmo assim, decidiu disparar, apesar destes não representarem qualquer ameaça. O atirador disparou três salvas de tiros, com um dos tiros na segunda salva a atingir Shireen debaixo do capacete protetor de imprensa.

Além de desmistificar o argumento de que o tiro fora acidental, o relatório também conclui que as forças israelitas não dispararam por estarem a ser elas próprias alvejadas por palestinianos.

A queixa da família de Shireen Abu Akleh não é a primeira a chegar ao TPI. A Al Jazeera, para a qual a jornalista colaborava recorrentemente, e ao serviço da qual estava a trabalhar, apresentou uma queixa inicial em maio.

As conclusões do TPI poderão não ter grandes efeitos porque Israel é um dos países que não reconhece autoridade ao tribunal (a par de, por exemplo, os Estados Unidos).

Leia Também: EUA apoiam Israel na decisão de não julgar soldado que matou jornalista

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