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Aborto. Grávida invoca reversão de Roe vs. Wade para evitar multa nos EUA

A condutora foi multada em cerca de 214 euros e irá a tribunal este mês.

Aborto. Grávida invoca reversão de Roe vs. Wade para evitar multa nos EUA
Notícias ao Minuto

16:09 - 11/07/22 por Teresa Banha

Mundo EUA

Uma grávida vai a tribunal, este mês, depois de ter sido multada em junho durante uma viagem de carro, nos Estados Unidos (EUA). Brandy Bottone estava a conduzir numa autoestrada em Dallas, no estado norte-americano do Texas, quando foi mandada parar pelas autoridades. Apesar de ter sido multada na altura, a mulher invocou a reversão da Roe vs. Wade, que até cinco dias antes do incidente concedia o direito federal ao aborto.

Apesar de os limites de velocidade ou outra infração não estarem em causa, os polícias estavam a fazer a fiscalização para perceber se aquela condutora, de 32 anos, era a única ocupante do veículo - isto porque, tal como contou a mulher às publicações internacionais, conduzia numa faixa HOV, na qual só podem circular veículos com alta ocupação, ou seja, com, pelo menos, duas pessoas.

Depois de a história ter sido avançada pelo Dallas Morning News, a mulher contou ao Washington Post como tudo se passou.

Após ter sido mandada parar, o agente perguntou-lhe: "É só você ou há alguém consigo no carro?", ao que ela respondeu: "Há dois de nós". "Onde?", respondeu o agente. A esta pergunta a gestante, na altura com 34 semanas, apontou para a barriga e rematou: "Temos aqui uma menina".

A situação, que está a ser noticiadas por vários órgãos de comunicação, não ficou por aqui. Apesar de a lei do Texas reconhecer um feto como uma pessoa, tendo sido um dos primeiros estados nos EUA a proibir o direito ao aborto após a decisão do Supremo Tribunal, a 24 de junho, o Código da Estrada do estado não o faz - tendo um dos agentes esclarecido que a legislação se referia a "dois corpos fora de um corpo".

"Um dos agentes fez-me festas assim que eu mencionei que havia uma criança", contou às publicação norte-americana. "Não sei como não estão a ver esta situação", ripostou ela quando os agentes lhe passaram a multa, no valor de 215 dólares, cerca de 214 euros.

"Vou lutar por isto", garantiu. 

Uma das advogadas com quem o Post falou considerou que apesar de o argumento de Brandy ser "criativo" este era um "território desconhecido". "Acho que o argumento é criativo, mas não sei se de acordo com o atual código da estrada o argumento dela vai servir", afirmou, garantindo: "Esta é uma situação única na justiça americana". "Dito isto, é completamente possível que ela encontre um juiz que a premeie pela criatividade", contou.

Já a advogada com quem o Washington Post falou disse que é "possível" que esta situação altere alguma coisa nas leis estatais. Até ao momento, pelo menos um representante republicano do Texas já reagiu à situação. "Bebés que ainda não nasceram são pessoas (o que significa que devem ser tratados como passageiros) e devem reger-se pelas leis do Texas", escreveu Brian Harrison no Twitter.

A mulher contou ainda que usou a via em questão porque estava com pressa para ir buscar o seu filho de seis anos, e que não poderia "atrasar-se um minuto". Durante a discussão com os responsáveis, a mulher acabou mesmo por dizer: "Com tudo o que se está a passar, especialmente no Texas, conta como um bebé", frase a que a o agente reagiu com um aceno e disse: "Este agente vai resolver consigo". Um dos oficiais ter-lhe-á dito que se ela reclamasse provavelmente ia acabar por não pagar a multa.

Leia Também: Futuro de Biden na Presidência dos EUA 'nublado' por economia e aborto

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