Enviado especial da ONU cancela viagem ao Saara Ocidental
O enviado da ONU para o Saara Ocidental, Staffan de Mistura, decidiu cancelar à última da hora a visita que planeava fazer ao território do Saara ocupado por Marrocos, anunciou hoje a organização.
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Mundo ONU
De Mistura, que se encontra em Rabat para se reunir com as autoridades marroquinas, planeava inicialmente viajar dali para o território saaraui, que ainda não visitou desde que assumiu o cargo.
"Decidiu não prosseguir com uma visita ao Saara Ocidental durante esta viagem, mas espera fazê-lo durante as próximas visitas à região", explicou o porta-voz da ONU Stéphane Dujarric num breve comunicado, que não deu explicações sobre o motivo da alteração de planos.
As visitas dos enviados ao território saaraui costumam ter a "aprovação" de Rabat, que em algumas ocasiões chegou a vetar as viagens ou impôs certas condições à agenda dos enviados.
O último enviado que se reuniu abertamente com grupos saarauis pró-independência foi Christopher Ross em 2012, e mais tarde o governo marroquino proibiu-o de viajar para o Saara, entrando em conflito direto com Ross, a quem chegou mesmo a declarar "persona non grata".
A Frente Polisário culpou hoje o governo marroquino pelo cancelamento da visita de De Mistura e pediu ao Conselho de Segurança da ONU e ao secretário-geral da organização, António Guterres, para agirem perante o que consideram o "obstrução" de Rabat.
Em comunicado enviado à Agência Efe, a Polisário disse que Marrocos interrompeu a viagem do diplomata para o impedir de "ver em primeira mão a opressão a que são submetidos diariamente os civis saarauis e os ativistas dos direitos humanos sob a ocupação militar marroquina ilegal".
De Mistura, nomeado no ano passado como enviado pessoal do Secretário-Geral da ONU para o Saara Ocidental, fez a primeira viagem à região em janeiro passado, na qual visitou Rabat e os campos de refugiados saarauis na Argélia, bem como Argel e a capital da Mauritânia .
Nesta ocasião, não pretende deslocar-se a Tindouf (Argélia), sede do movimento de independência da Frente Polisário, nem a Argel, ponto regular nestas deslocações.
Segundo fontes diplomáticas, tanto a Polisário quanto as autoridades argelinas opuseram-se a receber De Mistura se este viajasse primeiro para Rabat, apesar ser tradicionalmente a ordem dos enviados das Nações Unidas nessas viagens.
O conflito está num momento de bloqueio total há um ano, já que Marrocos propõe um estatuto de autonomia com contornos imprecisos para o território e a Polisário exige que qualquer solução seja decidida em referendo com opção de independência.
Argel e Rabat romperam relações diplomáticas em agosto do ano passado, quando o governo argelino retirou o embaixador em Espanha em protesto contra a nova posição da Espanha de apoio ao plano marroquino de autonomia como a melhor solução para o conflito.
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