Segundo fonte oficial, em março último, foi assinado um acordo tripartido, por um período de 35 anos, entre o Estado guineense, a empresa anglo-australiana Rio Tinto Simfer e o consórcio Simandou, com vista à exploração no local de Simandou (sudeste), um dos maiores depósitos de ferro do mundo.
Este acordo prevê a construção de uma ferrovia de cerca de 670 quilómetros, para ligar o corredor mineiro a um porto de minério na costa guineense, a sul de Conacri. Estes projetos devem estar concluídos em dezembro de 2024, enquanto a primeira produção comercial do projeto mineiro deverá ocorrer até 31 de março de 2025.
"O Estado guineense regista com pesar a falta de vontade manifestada por parte das vossas duas empresas em favorecer uma parceria 'win-win' necessária para o codesenvolvimento do projeto Simandou", afirmou o ministro das Minas guineense, Moussa Magassouba, em correspondência, datada de 03 de julho, enviada aos líderes das empresas, a que a agência de notícias francesa AFP teve acesso.
"A inércia que vocês mantêm em torno da formulação das modalidades de participação do Estado no capital social da 'joint-venture' [parceria] compromete perigosamente a efetiva implementação do projeto", acrescenta.
O ministério indica que, "apesar das amplas concessões" do Estado guineense, "o bloqueio continua a ser mantido" pelas duas empresas.
Assim, "ordena a cessação imediata de todas as atividades relacionadas com o projeto Simandou a partir de hoje.
Esta decisão é tomada depois de o Estado guineense ter "imposto", em meados de junho, um prazo de 14 dias, para a criação da joint-venture responsável pela exploração da jazida de ferro.
A exploração tem sido dificultada há anos por disputas sobre direitos de mineração, suspeitas de corrupção e discussões sobre a dimensão dos investimentos a realizar numa região sem litoral e num país carente de infraestruturas.
Todo o projeto representa vários milhares de empregos diretos.
A junta na Guiné-Conacri é liderada pelo coronel Mamady Doumbouya, que tomou posse como Presidente após o golpe militar de setembro de 2021. Nessa altura, prometeu devolver o poder aos civis eleitos dentro de três anos.
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) rejeitou este prazo no domingo, durante uma reunião em Accra, sem anunciar novas sanções contra a Guiné-Conacri, já suspensa dos órgãos da organização.
Além disso, a organização regional nomeou um novo mediador, o ex-Presidente do Benim Thomas Boni Yayi.
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