Cinco pontos sobre a Conferência de Lugano pela reconstrução da Ucrânia
Aliados da Ucrânia, instituições internacionais e setor privado vão reunir-se na segunda e terça-feira na Suíça com o objetivo de promover um "plano Marshall" para a reconstrução do país, invadido e em parte destruído na sequência da ofensiva russa.
© Alexey Furman/Getty Images
Mundo Ucrânia/Rússia
Cinco pontos essenciais a saber da já designada Conferência de Lugano, divulgados pela agência noticiosa France-Presse (AFP):
Das reformas à reconstrução
A Conferência de Lugano foi planificada muito antes do início da guerra para abordar as reformas e o combate à corrupção, mas a invasão da Rússia, iniciada em 24 de fevereiro, tornou a reunião num fórum de debate sobre a reconstrução da Ucrânia.
A iniciativa deve fornecer a Kyiv, que tem uma urgente necessidade de financiamento, a ocasião de partilhar o seu plano de relançamento e de discutir com todas as partes a melhor forma de abordar os futuros desafios.
"Lugano será uma das primeiras, senão a primeira plataforma de discussão da reconstrução da Ucrânia, das etapas concretas e de um plano", indicou Artem Rybchenko, embaixador da Ucrânia na Suíça.
A conferência deverá ser marcada por uma declaração comum que deve estabelecer as "prioridades, método e princípios" deste projeto de recuperação.
Sem Zelensky
Os anfitriões suíços esperavam receber pessoalmente o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, mas devido ao conflito será o primeiro-ministro, Denys Schmygal, que conduzirá a mais importante delegação que viaja para fora do país desde o início da guerra e onde se incluem seis ministros, deputados e responsáveis regionais.
No total, a delegação ucraniana será composta por uma centena de pessoas.
"O presidente Zelensky está envolvido desde o início nos trabalhos preparatórios", sublinhou o embaixador ucraniano. Fará uma intervenção por videoconferência, com tem sido hábito.
No total prevê-se a presença de oito chefes de Governo, 15 ministros e 38 países representados, para além de 14 organizações, 350 representantes do setor privado e 210 da sociedade civil.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, confirmou a presença, assim como os chefes de Governo da Lituânia, Polónia e República Checa.
Esboço dos objetivos
O presidente da Confederação helvética, Ignazio Cassis, que também ocupa a pasta dos Negócios Estrangeiros, possui grandes ambições para esta conferência.
O conclave pretende esboçar os contornos da estratégia de reconstrução inspirando-se no "plano Marshall", uma iniciativa norte-americana que contribuiu de forma decisiva para a reconstrução de uma Europa devastada pela Segunda Guerra Mundial, com diversas contrapartidas.
No entanto, Lugano não será apenas uma conferência de doadores.
"É uma conferência onde será discutida a forma de como se pretende desencadear o processo" de recuperação, assinalou Simon Pidoux, embaixador especial responsável pela conferência, e concebendo-a como uma bússola.
A reconstrução do país vai prolongar-se por muitos anos e está avaliada em centenas de milhares de milhões de dólares. Para os participantes, trata-se de examinar as propostas e ofertas de contribuições.
Corrupção, democracia digital
A Ucrânia será igualmente confrontada com pedidos de reformas de grande amplitude, em particular no combate à corrupção. A antiga república soviética foi durante muito tempo colocada entre os países mais corruptos do mundo pela Organização não-governamental (ONG) Transparency International.
Na Europa, apenas a Rússia e o Azerbaijão ocupam uma posição mais negativa, e está a ser fornecida particular atenção a este aspeto tendo em consideração o dinheiro que está em jogo.
O presidente suíço já admitiu a possibilidade de virem a ser vigiados os fluxos financeiros.
O presidente Zelensky apresentará a sua versão de uma "retoma inteligente" durante a conferência, incluindo planos para reconstruir a Ucrânia e uma democracia inteiramente digital.
Alta segurança
A cidade de Lugano situa-se junto às margens do lago com o mesmo nome, e está rodeada por um imponente círculo de montanhas.
Muito perto da fronteira italiana, é um dos três grandes centros financeiros da Suíça e ainda um local de férias e lazer. É também muito procurado por russos ricos ou célebres, incluindo Alina Kabaeva, a quem se atribui uma longa relação com o presidente Vladimir Putin.
As autoridades suíças e regionais declararam que vão ser estabelecidas estritas medidas de segurança: restrições do espaço aéreo e a presença de centenas de militares para ajudarem as forças da ordem regionais.
O chefe do governo regional de Tessin, Noman Gobbi, manifestou otimismo quanto ao sucesso da conferência. "É a nossa pequena contribuição para a segurança europeia e, portanto, da nossa", disse.
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