Myanmar deteve mais de 135 mil rohingya na última década
A organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW) denunciou hoje que as autoridades de Myanmar (antiga Birmânia) detiveram mais de 135 mil muçulmanos rohingya no estado de Rakhine na última década.
© Reuters
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"Com base em entrevistas com rohingya e ativistas humanitários desde 2012 (...), a Human Rights Watch documenta como as autoridades capitalizaram a campanha de limpeza étnica lançada em junho de 2012 para segregar e confinar uma população que há muito procuravam remover da vida quotidiana no país predominantemente budista", afirmou a ONG.
Os relatos individuais, as fotografias e os vídeos divulgados pela HRW ilustram "os crimes contra a humanidade cometidos pelas autoridades de Myanmar, de 'apartheid' [segregação], perseguição e prisão que privaram os rohingya da sua liberdade e ameaçaram as suas vidas e meios de subsistência", acrescentou.
A ONG sublinhou que, após a violência de junho de 2012, as autoridades nacionais e locais começaram a forçar os rohingya a deslocarem-se para campos, que foram selados com vedações de arame farpado e postos de controlo militar.
"As graves restrições à circulação, aos meios de subsistência e ao acesso à ajuda humanitária e aos cuidados de saúde só pioraram na última década, agravadas por condições de vida desumanas. Relatos dos campos e documentos das agências humanitárias revelam uma contagem crescente de mortes evitáveis", de acordo com a HRW.
"A violência de 2012 e o consequente deslocamento coincidiram com a incipiente transição do país para um regime civil democrático. A crescente opressão tanto na política como na prática inflamou o sentimento antimuçulmano em todo o país, preparando o terreno para as atrocidades militares mais brutais e organizadas em 2016 e 2017", acusou.
A ONG lamentou também que governos estrangeiros tenham levantado sanções na altura, "em vez de procurarem responsabilizar os responsáveis pela violência e subsequente 'apartheid' estatal, ao contrário do que fizeram em 2021, na sequência do golpe de Estado patrocinado pelo exército".
Um golpe que trouxe "novas restrições de movimento e bloqueios de ajuda aos campos dos rohingya".
A HRW defendeu que o Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas e os Estados-membros da ONU "deveriam avançar uma estratégia de responsabilização das autoridades de Myanmar que desmantele a impunidade de longa data dos militares por graves abusos".
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