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Multidão vaia clérigo junto a edifício cuja ruína fez 32 mortos no Irão

Manifestantes revoltados contra o desabamento de um edifício no sudoeste do Irão que fez 32 mortos fizeram no domingo calar, com os seus gritos, um enviado do líder supremo iraniano, ayatollah Ali Khamenei, ao local, desencadeando repressão policial.

Multidão vaia clérigo junto a edifício cuja ruína fez 32 mortos no Irão
Notícias ao Minuto

21:04 - 30/05/22 por Lusa

Mundo Manifestação

Segundo vídeos divulgados nas redes sociais hoje analisados, a polícia antimotins bateu com bastões nos manifestantes e lançou granadas de gás lacrimogéneo para dispersar a multidão.

O ayatollah Mohsen Heidari Alekasir tentou dirigir-se aos enlutados junto ao local do edifício Metropol, de dez andares, que ruiu parcialmente na passada segunda-feira, mas foi vaiado pelas centenas de pessoas que ali se encontravam no domingo à noite.

Rodeado de guarda-costas, o ayatollah, de cerca de 60 anos, tentou continuar a falar, dizendo "Meus caros, por favor, tenham calma, em sinal de respeito por Abadan, os seus mártires e as queridas [vítimas] que toda a nação iraniana chora esta noite", ao que a multidão respondeu "Desavergonhado!", repetindo, em seguida: "Eu matarei, eu matarei quem matou o meu irmão!".

A polícia ordenou à multidão que não dissesse palavras-de-ordem contra a República Islâmica e depois que dispersasse, afirmando que o seu protesto era ilegal.

Nos vídeos, é possível ver imagens de agentes policiais a confrontar os manifestantes e a atingi-los com bastões enquanto se erguia uma nuvem de gás lacrimogéneo. Pelo menos um polícia disparou o que parece ser uma metralhadora, embora não fosse claro se as munições eram verdadeiras ou de atordoamento.

Não ficou também imediatamente claro se alguém ficou ferido ou se a polícia efetuou detenções.

A recolha de informação independente permanece extremamente difícil no Irão: quando há distúrbios, as autoridades interrompem as comunicações por internet e telefone nas áreas afetadas, enquanto limitam também os movimentos de jornalistas dentro do país.

Os Repórteres Sem Fronteiras descrevem a República Islâmica do Irão como o terceiro pior país do mundo para se ser jornalista, apenas atrás da Coreia do Norte e da Eritreia.

Mas os pormenores dos vídeos hoje analisados correspondem a características identificáveis de Abadan, cidade situada a cerca de 660 quilómetros a sudoeste da capital, Teerão, e canais televisivos de língua farsi sediados no estrangeiro também noticiaram o disparo de granadas de gás lacrimogéneo e de outros projéteis sobre a multidão no local.

O protesto desafiou diretamente a resposta do Governo iraniano ao desastre ocorrido em Abadan há uma semana, ao mesmo tempo que aumenta a pressão na República Islâmica devido ao aumento dos preços dos alimentos e outros problemas económicos e que se desmorona o seu acordo nuclear com as potências mundiais.

Apesar de as manifestações parecerem, até agora, não ter liderança, até tribos árabes da região se lhes juntaram no domingo, elevando o risco de intensificação da agitação social.

As tensões entre Teerão e o Ocidente já aumentaram depois de os paramilitares iranianos da Guarda Revolucionária terem na sexta-feira apreendido dois petroleiros gregos no mar.

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