Talibãs obrigam apresentadoras e repórteres de televisão a cobrir a cara

O governo talibã, que voltou ao poder em agosto de 2021, retomou a lei da obrigatoriedade das mulheres usarem burca fora de casa.

Apresentadora de televisão no Afeganistão, em 2019

© Getty Images

Notícias ao Minuto
19/05/2022 16:37 ‧ 19/05/2022 por Notícias ao Minuto

Mundo

Afeganistão

Depois de restaurar a polémica lei discriminatória, que obriga as mulheres afegãs a usar uma burca fora de casa que cubra completamente a cara, o governo talibã no Afeganistão ordenou esta quinta-feira que todas as apresentadoras e repórteres de televisão usassem também uma cobertura facial completa.

Segundo a televisão estatal afegã, citada pelo jornal britânico The Guardian, a decisão dos ministérios dos valores e da informação e cultura é "final e não-negociável".

A decisão de retomar o uso de burcas foi condenada por várias organizações não-governamentais e pela Organização das Nações Unidas (ONU), assinalando mais um retrocesso no Afeganistão no que diz respeito aos direitos das mulheres.

Entre 1996 e 2001, durante o primeiro governo extremista dos talibãs, as mulheres foram excluídas de qualquer participação cívica e social, e o uso de uma burca que cobria até os olhos era obrigatório.

Algumas pivôs de televisão, que se têm recusado a usar burca na rua, também voltaram a queixar-se da decisão - apesar do risco de vida que correm ao manifestar-se contra o governo. A apresentadora do canal estatal Tolo, Yalda Ali, publicou um vídeo no Instagram onde colocou uma máscara de proteção negra, descrevendo "uma mulher a ser apagada, sob as ordens do vice-ministério da virtude".

Yalda Ali também publicou outro vídeo, partilhado pela BBC, no qual a jornalista apresentou as notícias com uma burca completamente negra e com uma máscara de proteção.

Muitas mulheres estão a contornar a obrigatoriedade imposta pelos talibãs através do uso de máscaras contra a Covid-19 ou recusando-se a sair de casa. Algumas saem mesmo sem qualquer tipo de cobertura facial, arriscando penalizações e castigos violentos.

Desde que regressaram ao poder em Cabul, em agosto de 2021, após a retirada das forças lideradas pelos Estados Unidos, os talibãs prometeram que iriam manter os direitos conquistados pelas mulheres afegãs nos 20 anos desde o início da guerra. No entanto, as raparigas e mulheres continuam a ter um acesso muito limitado à educação e ao mercado do trabalho, ao contrário do que fora prometido.

Este mês, os talibãs avisaram que as mulheres deviam sair de casa apenas se fosse estritamente necessário e, caso não cumprissem com a ordem, os maridos iriam ser punidos pelas violações ao vestuário obrigatório.

Leia Também: ONU procura resposta contra talibãs por obrigarem mulheres a usar burca

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