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Um recado, 100 dólares e 23 anos depois, mulher e refugiada encontram-se

A jovem procurou a norte-americana durante oito anos.

Um recado, 100 dólares e 23 anos depois, mulher e refugiada encontram-se
Notícias ao Minuto

11:35 - 05/05/22 por Notícias ao Minuto

Mundo EUA

Duas jovens que nasceram na antiga Jugoslávia e que voaram até aos Estados Unidos no final dos anos 90 conseguiram, finalmente, encontrar a pessoa que procuraram durante quase uma década. Numa história publicada pela CNN, uma das jovens, Ayda Zugay, conta como o envelope que uma norte-americana lhe entregou "mudou a sua vida", assim como a da irmã.

Tudo começou num voo de Amesterdão, nos Países Baixos, para Minneapolis, nos Estados Unidos, quando, há 23 anos, Ayda e Vanja se sentaram junto a Tracy Peck, que trazia consigo uma raquete de ténis.

Quando lhe enviaram a história de uma jovem que procurava uma mulher que a tinha ajudado num voo, a norte-americana conta que se começou a recordar de uma viagem em que ficou junto a duas irmãs que fugiam da antiga Jugoslávia. Posteriormente, contou à CNN que o que viu naquela viagem era "doloroso e uma situação que não se parecia em nada com qualquer uma com que já se tinha deparado".

Quando se despediu das raparigas, Tracy colocou uns brincos compridos e uma nota de 100 dólares num envelope escrito à mão e entregou-o às irmãs.

Ao longo de oito anos, Ayda publicou fotografias do recado escrito por Tracy, e, após a publicação da história e partilha nas redes sociais de uma agência de refugiados, uma das filhas da mulher respondeu, identificando a sua mãe como autora do recado.

"Lamento que os bombardeamentos no vosso país tenham causado problemas à vossa família. Espero que se mantenham na América. É seguro", lê-se no papel escrito em 1999, e assinado apenas com o primeiro nome.  À CNN, a mulher, que tem hoje 70 anos, explicou que a sua letra é tão "distinta" que é motivo de piada entre os seus amigos, visto que costuma usar emojis e assinar colocar um coração no fim.

Devido à caligrafia, também a treinadora de ténis associou o recado a Tracy. "Conhecendo a Tracy, seria exatamente o que ela faria", contou Susan Allen à CNN, explicando que esta era uma pessoa generosa e que não pensaria duas vezes antes de ajudar alguém. Juntamente com outra tenista, Allen decidiu ir aos registos, nos quais descobriram que Tracy era uma das 18 mulheres que nesse mês tinha ido até ao French Open, em Paris.

As duas profissionais descobriram, para além de uma fotografia de grupo, o recibo das viagens, que provava que o grupo de tenistas tinha feito escala nos Países Baixos antes de aterrar em Minneapolis, a 31 de maio de 1999, no mesmo dia que Aysa tonha chegado aos EUA.

O primeiro contacto que Ayda e Tracy tiveram foi numa conversa de grupo iniciada pelas treinadores que investigaram, e na qual foram partilhadas as fotografias. "As fotografias são surreais", escreveu a jovem, que vive em Boston. "Isto é tão bonito", acrescentou, sugerindo que as duas fizessem uma reunião via Zoom no dia seguinte.

23 anos depois, o reencontro

"Olá, meninas bonitas", disse Tracy quando a chamada começou, visivelmente emocionada. "Já passaram mais de 20 anos", lembrou Ayda, que segurava o envelope e que usava uns brincos semelhantes àqueles que lhes ofereceu.

A mulher contou como se sentiu quando as conheceu: "Mexeu tanto com o meu coração que me senti na obrigação de vos ajudar de qualquer forma".

"A tua generosidade ainda me acompanha", disse a irmã de Ayda, Vanja Contino, que mora no Conneticut. "Tenho vindo a retribui-la desde o nosso encontro", explicou. Já Ayda disse que ao longo dos anos sempre quis dizer a Tracy como estava agradecida, o quanto o presente tinha significado para ela, como tinha a noção de que mensagens de boas-vindas eram agora raras, e como ela usou o dinheiro para se alimentar durante todo o verão, comendo panquecas e bebendo coca-cola.

Reconhecendo que estava super nervosa com o encontro, Ayda explicou: "Sabes aquelas portas enormes que têm em locais antigos à volta do mundo? É arrebatador desta forma - uma forma pesada que agora é fechada. Agora estou pronta para avançar... Faz-me sentir tão feliz", disse.

"Só quero encorajar todas as pessoas no mundo a serem generosas. O que é que custa?", questionou-se, depois de dizer que, numa altura em que há tanta dor e sofrimento, espera que as pessoas arranjem mais tempo para retribuir a outras. "Sorriam, olhem nos olhos, ajudem todas as pessoas que estiverem com problemas ou em perigo", afirmou. "Estou muito contente por me terem encontrado, meninas", reiterou

As três mulheres, que vivem em estados diferentes, conversaram também sobre encontrar-se um dia, talvez para assinalar a chegada das irmãs aos Estados Unidos, que prometeram fazer as melhores panquecas do mundo para Tracy.

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