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Confrontos tribais fazem 160 mortos no Darfur

Pelo menos 160 pessoas foram mortas hoje em resultado de confrontos no Darfur, no que é um dos balanços mais pesados de incidentes de violência nesta região do Sudão ocidental, devastada por décadas de guerra, informou uma ONG.

Confrontos tribais fazem 160 mortos no Darfur
Notícias ao Minuto

19:30 - 24/04/22 por Lusa

Mundo Darfur

A violência começou em Krink, a 80 km de El-Geneina, a capital do Darfur Ocidental, na sexta-feira, em confrontos que resultaram na morte de oito pessoas segundo Adam Regal, porta-voz da Coordenação Geral para Refugiados e Deslocados no Darfur, uma organização não-governamental (ONG) local.

De acordo com a mesma fonte, o número de mortos pode vir a aumentar, uma vez que 46 pessoas ficaram feridas.

Um líder tribal Massalit local relatou ter visto cadáveres em várias aldeias na área de Krink e o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) instou as autoridades a garantir o transporte seguro dos feridos para os hospitais da área.

Segundo a Coordenação Geral, a violência começou quando combatentes armados de tribos árabes atacaram aldeias Massalit, uma minoria étnica africana, em retaliação pela morte na quinta-feira de dois dos membros da tribo árabe Rzeigat.

"Dois homens armados numa mota" mataram dois homens das tribos árabes na quinta-feira e depois fugiram para as aldeias Massalit, disseram os líderes dos Rzeigat.

Vídeos e fotografias afixados online mostram colunas de fumo negro a sair de casas e extensões de terra queimada onde anteriormente existiam cabanas tradicionais.

A autenticidade destas imagens não pôde ser verificada de forma independente.

Dezenas de casas foram queimadas e muitas famílias fugiram para o norte, acrescentou a mesma fonte.

De acordo com a Coordenação Geral para Refugiados e Deslocados no Darfur, as milícias Janjaweed da maioria árabe - muitas das quais se juntaram às temidas Forças de Apoio Rápido, uma milícia paramilitar comandada pelo segundo homem mais forte do Sudão, general Mohamed Hamdan Daglo - orquestraram o ataque de sexta-feira.

Krink e aldeias vizinhas sofrem de um "bloqueio económico imposto pela milícia Janjaweed", para além de "ameaças" e "pilhagens" recorrentes, segundo Adam Regal.

Dezenas de pessoas foram mortas e centenas de casas queimadas em vários episódios de violência em Darfur nos últimos meses, de acordo com as Nações Unidas.

Confrontos entre pastores árabes e agricultores africanos por disputas de terra ou acesso à água mataram quase 250 pessoas entre outubro e dezembro últimos na região, de acordo com um sindicato de médicos pró-democracia.

A região tem sido devastada por uma guerra civil que começou em 2003 entre o regime da maioria árabe e insurgentes de minorias étnicas que alegavam discriminação.

Cerca de 300.000 pessoas morreram e quase 2,5 milhões foram deslocadas durante os primeiros anos de violência, de acordo com a ONU.

O Sudão, que em 2019 emergiu de 30 anos de ditadura sob o regime de Omar al-Bashir, foi palco de um golpe de Estado em 25 de outubro último, que interrompeu o processo de estabelecimento de um governo civil para o período de transição até à realização de eleições.

Militares e civis tinham acordado um calendário para um processo de transição na sequência do derrube do regime de al Bashir em 2019, segundo o qual os generais deviam ter cedido a condução desse processo a meio do período de transição inicialmente estimado, mas golpe militar liderado pelo general Abdel-Fattah al-Burhan, consumou uma "correção do curso da revolução", segundo o próprio.

Al-Burhan estendeu o seu próprio mandado enquanto chefe das autoridades de transição até à realização de eleições, que prometeu para julho de 2023.

No Darfur, o vácuo de segurança criado pelo golpe de al-Burhan está na origem do ressurgimento da violência.

Leia Também: Darfur. Oito mortos e 16 feridos em novos confrontos tribais

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