Eleições Timor-Leste. Metade dos candidatos com menos de 5.000 votos

Metade dos candidatos presidenciais timorenses não conseguiram alcançar 5.000 votos, equivalente ao número mínimo de apoiantes necessários para registar e formalizar a sua candidatura, segundo os dados provisórios finais.

Timor-Leste/Eleições: Metade dos candidatos com menos votos que apoiantes de candidatura

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Lusa
21/03/2022 10:39 ‧ 21/03/2022 por Lusa

Mundo

Timor-Leste

Nas eleições presidenciais mais concorridas da história de Timor-Leste, com 16 candidatos, os cinco candidatos mais votados representaram mais de 92% dos votos expressos, com os restantes 11 a registarem valores baixos de apoio, numa altura em que a contagem praticamente terminou.

Além de Anacleto Ferreira, que conseguiu cerca de 2,1% dos votos, nenhum dos outros obteve mais que 1,5%, com seis a ficarem com menos de meio ponto percentual dos votos válidos. Ângela Freiras, a mais mal classificada, ficou-se por pouco mais de 0,1% do total.

Apesar do reduzido apoio, alguns dos candidatos derrotados estão já assumir quem vão apoiar na segunda volta com outros a preferirem deixar a escolha à consciência dos seus eleitores e outros, ainda, a esperar por consultar os partidos ou estruturas que os apoiaram.

Anacleto Ferreira, sexto mais votado, com 2,14% dos votos, disse à Lusa que ao ser apoiado pelo Partido Democrático da República de Timor-Leste (PDRT), "a decisão terá de ser tomada pelo partido", possivelmente numa reunião já nos próximos dias.

Milena Pires, uma das quatro mulheres concorrentes, e a 10.ª em termos de votos, com 0,78%, disse à Lusa que ainda está em diálogo com a sua equipa, mas que, o mais provável é deixar os seus votantes "decidirem por si e votarem consoante a sua consciência".

Apesar de reconhecer o baixo número de votos, a ex-embaixadora disse não estar desapontada porque, durante a campanha, conseguiu "influenciar alguma agenda política e transmitir as mensagens sobre o papel do Presidente da República".

"Mas este é apenas o primeiro passo, um começo", disse à Lusa.

Já Isabel Ferreira, que se ficou pelos 0,63%, admitiu à Lusa estar desapontada, especialmente notando que nem chegou aos 5.000 votos, dos apoiantes que assinaram o registo da sua candidatura.

"A minha candidatura era para ganhar mais experiência e para promover a educação cívica. Mas não esperava nem sequer chegar aos 5.000. É preciso mais educação cívica neste país", considerou.

A mulher do primeiro-ministro garante que vai dar "apoio a José Ramos-Horta", considerando ser um líder que o país precisa e a quem apela para, se vencer, "continuar a manter a estabilidade e a paz para desenvolver o país".

Sétimo mais votado, com cerca de 1,33% dos votos, Martinho Gusmão prefere não declarar quem vai apoiar, explicando que decidirá depois de perceber qual dos dois candidatos vincará mais o que considera prioritário.

"Na segunda volta eu acho que vou só fazer o meu dever como cidadão, um homem, um voto. E vou votar num candidato em que veja seriedade dada ao assunto da educação", disse, admitindo, porém, ouvir ainda a estrutura do PUDD, força política que o apoiou na candidatura.

Felizberto Duarte, 11.º mais votado, mas apenas com 0,41% dos votos, diz que ainda não sabe em quem votar, notando ainda não ter recebido "nenhum telefonema" de nenhuma das candidaturas.

Mais abaixo ficou Rogério Lobato, que conseguiu apenas 0,26% dos votos, mas que declara o seu apoio, na segunda volta, a José Ramos-Horta, considerando-o o melhor Presidente para o momento atual.

"É uma figura internacional que vai contribuir para dar maior visibilidade na comunidade internacional a Timor-Leste. Nestes últimos anos, Timor-Leste praticamente desapareceu do mapa político e é preciso dar maior visibilidade através de uma pessoa com carisma e com reputação internacional", disse à Lusa.

Virgílio Guterres, presidente do Conselho de Imprensa, e antepenúltimo na votação, disse que vai pedir aos apoiantes para votarem em consciência ainda que, pessoalmente, o seu apoio não será dado a quem "quer dissolver o parlamento", numa referência a José Ramos-Horta.

Destacou que a campanha foi uma oportunidade de "conhecer melhor a realidade da população e constatar que não foi feito suficiente" nos últimos 20 anos.

Ao mesmo tempo, disse, foi uma oportunidade de falar "cara a cara" com os líderes das principais forças políticas, procurando "reduzir a demagogia dos grandes" e vincando que o que ganhou as eleições foi a "exploração da ignorância do povo".

"Foram discursos para manipular sentimentos, pelas suas capacidades demagógicas", afirmou.

A contagem em Timor-Leste está praticamente concluída, faltando apenas 15 atas correspondentes a um total de cerca de 62 mil eleitores recenseados, sendo que tendo em conta a média de abstenção traduz aproximadamente 45 mil votantes.

José Ramos-Horta é o candidato mais votado, com 290.386 votos e 46.33% do total, à frente de Francisco Guterres Lú-Olo com 22,29%, Armanda Berta dos Santos com 8,74%, Lere Anan Timur com 7,54% e Mariano Sabino com 7,3%.

Depois do final do escrutínio pelo Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), há ainda o processo de verificação e validação final pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que inclui a verificação de votos reclamados.

Leia Também: Timor-Leste. Lú-Olo terá apoio de partidos do Governo na segunda volta

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