Confrontos entre tribos no Darfur fazem pelo menos 48 mortos
Pelo menos 48 pessoas foram mortas num novo conflito entre tribos no Sudão, anunciou hoje um grupo de médicos e o governador do Darfur Ocidental, que relataram o segundo incidente do género em três semanas.
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Mundo Sudão
"A violência começou com uma disputa e escalou acabando por matar seis pessoas no sábado, e depois no domingo mais de 40 pessoas foram mortas", disse o governador, Khamis Abdallah, em declarações à agência France-Presse.
O sindicatos dos médicos, uma organização pró-democracia, relatou "48 pessoas mortas por balas" na região de Krink, afetada por um conflito entre povos árabes e africanos, cuja intensidade obrigou o Governo a despachar militares para esta zona.
"Os confrontos de domingo duraram sem interrupção desde as cinco da manhã até às quatro da tarde", acrescentou o governador Abdallah.
Já em 17 de novembro, confrontos entre pastores acusados de terem roubado camelos tinham provocado 50 mortes e a queima de 594 casas, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), que sublinhou também que mais de 6.600 sudaneses tinham sido obrigados a fugir, um terço dos quais para o vizinho Chade.
A notícia de mais quase meia centena de mortes aconteceu no mesmo dia em que as Nações Unidas divulgaram um relatório segundo o qual 30% dos sudaneses vão precisar de ajuda humanitária em 2022, a "taxa mais alta numa década" no país, um dos mais pobres do mundo.
No total, 14,3 milhões dos 47,9 milhões de sudaneses e refugiados no Sudão -- 57% dos quais mulheres e 55% crianças - precisarão de assistência humanitária, referiu a hoje o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla inglesa). "Isto é mais 800.000 pessoas do que em 2021", acrescentou a ONU.
Entre estas pessoas vulneráveis encontram-se 2,9 milhões de deslocados, num país devastado por conflitos sangrentos durante décadas, especialmente em Darfur, uma vasta região ocidental, onde uma guerra entre os rebeldes e o regime, que começou em 2003, deixou pelo menos 300.000 mortos e 2,5 milhões de deslocados, principalmente nos primeiros anos, segundo a ONU.
Além disso, o Sudão acolhe cerca de 1,2 milhões de refugiados e requerentes de asilo, 68% dos quais vêm do vizinho Sudão do Sul, depois da sua separação em 2011.
O Sudão saiu, em 2019, de 30 anos da ditadura militar de Omar al-Bashir, sob pressão dos protestos de rua, está mergulhado hoje na estagnação política e económica.
O país tem falta de infraestruturas há décadas, tem lutado para aproveitar ao máximo os seus milhões de hectares de terra agrícola e tem perdido o petróleo no seu subsolo com a secessão do Sudão do Sul.
Após o golpe militar em 25 de outubro deste ano, o país está mergulhado numa crise política.
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