Meteorologia

  • 08 MAIO 2024
Tempo
24º
MIN 17º MÁX 30º

Nicarágua: Comunidade internacional vê eleições como "uma fraude"

As eleições na Nicarágua, que se realizam no domingo, são vistas pela comunidade internacional como "uma fraude" por terem sido detidos todos os adversários e afastados os observadores internacionais, e poderão ser seguidas de novas sanções ao país.

Nicarágua: Comunidade internacional vê eleições como "uma fraude"
Notícias ao Minuto

09:04 - 06/11/21 por Lusa

Mundo Eleições

Os observadores internacionais que habitualmente acompanham os processos eleitorais na América Latina, como a Organização dos Estados Americanos (OEA), a União Europeia (UE) ou o Centro Carter, estarão ausentes nas eleições gerais do próximo domingo, que só serão "acompanhadas" por um grupo fiel ao regime do Presidente e candidato à reeleição, Daniel Ortega.

"Não vamos enviar nenhuma missão de observação eleitoral à Nicarágua porque Ortega já se encarregou de deter todos os opositores políticos que poderiam concorrer com ele às eleições", explicou na terça-feira o alto representante da UE para Política Externa, Josep Borrell.

Ao mesmo tempo, o executivo nicaraguense decidiu não convidar a OEA como observadora, devido à "sua participação num golpe na Bolívia" após as eleições de 2019.

O "acompanhamento" das eleições será feito por 170 "companheiros eleitorais" de vários países, a maioria dos quais, de acordo com o observatório multidisciplinar nicaraguense Urnas Abiertas, políticos ligados à Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN).

O cenário que envolve as eleições na Nicarágua levou um grupo de 16 organizações internacionais -- como a Amnistia Internacional, ou a Human Rights Watch, mas também representantes de jornalistas, presos políticos e exilados -- a criticar duramente a impunidade de Daniel Ortega.

As organizações comprometeram-se a documentar as violações dos direitos humanos da "ditadura de Ortega", denunciando que o Governo é responsável por "violência institucional, criminalização do protesto social e da defesa dos direitos humanos, estigmatização, detenção e julgamento de opositores políticos e perseguição das suas famílias, violência e ameaças a jornalistas, agressão contra quem se manifesta pacificamente, uso excessivo e abuso da força, perseguição e ameaças e negação absoluta do acesso à justiça".

Entretanto, o Congresso dos EUA aprovou esta semana uma lei que visa aumentar a pressão diplomática sobre o Governo de Ortega, que deverá agora ser promulgada pelo Presidente, Joe Biden.

As medidas incluem o fortalecimento, em coordenação com o Canadá, a União Europeia e os países da América Latina e Caraíbas, de uma série de sanções contra pessoas implicadas em violações de direitos humanos e obstrução de eleições livres.

Além disso, a lei amplia a supervisão relativamente a empréstimos concedidos à Nicarágua por instituições financeiras internacionais e adiciona o país à lista dos Estados sujeitos a restrições de vistos devido a corrupção, acrescentando ainda a necessidade de investigar a venda pela Rússia de equipamento militar àquele país.

Esta posição lembra precisamente a ápoca da Guerra Fria, já que a Nicarágua continua a ser um exemplo do braço de ferro entre EUA e Rússia.

No mesmo dia em que os EUA aprovaram a lei (conhecida como 'Renacer'), o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, afirmou que a Nicarágua, Cuba e Venezuela são os aliados da Rússia na América Latina e precisam, "agora mais do que nunca", do apoio de Moscovo para enfrentar o que classificou como "ameaças".

Segundo o ministro russo, as ameaças incluem mesmo a possibilidade de "uso de força militar" contra esses países que mantêm uma relação tensa com os Estados Unidos.

Leia Também: Nicarágua: De revolucionário a ditador, como Ortega acabou com democracia

Recomendados para si

;
Campo obrigatório