HRW denuncia falta de justiça para vítimas de repressão na Nigéria
A ONG internacional Human Rights Watch (HRW) refere, num relatório divulgado hoje, que as vítimas da violência policial na Nigéria continuam à espera de justiça, um ano após a sangrenta repressão do exército e da polícia contra manifestantes, numa grande ação de protesto no país.
© Reuters
Mundo Nigéria
"As autoridades nigerianas devem tomar medidas concretas e decisivas para assegurar que os responsáveis pelos abusos cometidos contra os manifestantes sejam processados", defende aquela organização de direitos humanos.
No ano passado, o movimento #EndSARS levou a cabo ações de protesto contra a violência policial da unidade especial da polícia, acusada, ao longo dos anos, de extorsão, tortura e até homicídio de pessoas, abalou as principais cidades do país mais populoso do sul de África.
As manifestações terminaram quando a polícia abriu fogo, no dia 20 de outubro, na praça de pedágio Lekki, em Lagos, capital da Nigéria, o emblemático local de reunião dos manifestantes, causando a morte de pelo menos dez manifestantes desarmados e desencadeando uma onda de indignação internacional.
O exército disse, numa comissão de inquérito criada para averiguar o caso, que tinha utilizado apenas balas vazias, mas admitiu que os seus militares também tinham munições reais.
No relatório publicado hoje, a HRW afirma ter entrevistado 54 pessoas, incluindo vítimas e famílias, manifestantes, membros da sociedade civil, médicos e jornalistas.
Segundo aquelas testemunhas, o exército usou uma tática para "apanhar" os manifestantes, reunindo-os num local específico, antes de "disparar para o ar e para a multidão", escreve a ONG.
"Quando os soldados partiram, a polícia chegou e, segundo muitas testemunhas, abriu fogo sobre os manifestantes que não puderam fugir", acrescenta a HRW no relatório.
A HRW não conseguiu definir um número definitivo de mortos, mas as testemunhas disseram aos investigadores que viram "pelo menos 15 corpos sem vida e que os oficiais do exército levaram pelo menos 11 deles".
Três pessoas também tiveram de ser amputadas por ferimentos de bala em Lekki, disse um médico à HRW.
Nem a polícia, nem os porta-vozes do exército, contactados pela agência de notícias francesa AFP, comentaram estas acusações.
A comissão de inquérito, criada para investigar a repressão da Lekki e os abusos da Sars, deverá concluir o seu trabalho hoje.
O painel judicial não tem poder de decisão, mas pode fazer recomendações ao governo, que podem ser implementadas pelo Supremo Tribunal Federal, recordou a HRW.
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