"Penso que não temos vocação para ficar, é por isso que estamos a fechar bases. Em Tessalit ou Kidal (norte do Mali), a nossa função não é ter bases militares. O Estado do Mali deve, antes de mais, regressar", insistiu Emmanuel Macron, numa mesa-redonda com jovens africanos, que decorreu no âmbito da Cimeira França-África, em Montpellier, no sul de França.
O chefe de Estado francês admitiu querer que "as bases militares fossem retiradas o mais depressa possível".
"Mas isso exigia o regresso de um Estado forte e de projetos de investimento, para que os jovens não se voltassem para o pior assim que os grupos terroristas regressassem", acrescentou.
"O meu objetivo é de facto esse. Não estou interessado em ter bases em solo africano para sempre. Essa não é a vocação da França", sublinhou.
Emmanuel Macron vincou que "a França só existe para combater o terrorismo, não para apoiar este ou aquele regime", recordando que o Exército francês intervém no Mali desde 2013, a pedido do Governo daquele país.
Paris começou a reorganizar a sua presença militar no Sahel em junho, deixando as bases mais a norte do Mali (Kidal, Timbuktu e Tessalit) e planeando reduzir as suas tropas na região até 2023 dos 5.000 efetivos atuais para entre 2.500 e 3.000 homens.
Entre os jovens africanos com os quais o Presidente francês conversou encontrava-se o 'blogger' senegalês Cheikh Fall, que lhe disse: "Parem de cooperar e de colaborar com estes presidentes ditadores e programem uma retirada gradual e definitiva das vossas bases militares em África".
Emmanuel Macron respondeu às numerosas acusações feitas pelos jovens sobre o apoio da França aos "ditadores" africanos que "violam a constituição" para que se mantenham no poder. Os jovens citaram os casos do Chade, Guiné e Costa do Marfim.
Em cada um destes países a França reduziu os seus projetos de investimento governo a governo a mais projetos com a sociedade civil, explicou o Presidente.
O chefe de Estado explicou também que, em cada um daqueles casos, a França estava a apoiar projetos de transição democrática, como no Chade, onde o processo é orientado pela União Africana, depois de o filho do falecido presidente Idriss Déby Itno, Mahamat, ter tomado o poder. "Mas eu disse transição, não transmissão", insistiu.
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