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Sérvia aprova lei para promover alfabeto cirílico e a identidade nacional

A Sérvia e a entidade sérvia da Bósnia aprovaram hoje leis para encorajar a utilização do alfabeto cirílico, uma nova tentativa de reforçar uma identidade nacional comum que está a suscitar alarme naquela região volátil.

Sérvia aprova lei para promover alfabeto cirílico e a identidade nacional
Notícias ao Minuto

20:18 - 15/09/21 por Lusa

Mundo Sérvia

Os deputados de ambos os parlamentos aprovaram duas leis semelhantes por ocasião do dia da "Unidade Sérvia", que está em vigor desde o ano passado na Sérvia e na República Srpska (RS), na Bósnia.

Todos os sérvios da região foram convidados a hastear bandeiras sérvias nas varandas, enquanto uma manifestação militar foi planeada em Belgrado.

As novas leis obrigam as empresas estatais a utilizar o cirílico nas suas comunicações públicas, em vez do alfabeto latino.

Estão previstas reduções de impostos para as empresas privadas que fizerem o mesmo.

A língua sérvia pode ser escrita em latim ou cirílico, mas este último é considerado mais tradicional do que a escrita latina, mais amplamente utilizada, especialmente entre as pessoas mais jovens.

A Sérvia é acusada pelos críticos e grupos de direitos de querer exercer a sua influência para além das suas fronteiras e de criar instabilidade nos países vizinhos onde vivem muitos sérvios, como em Montenegro e Bósnia.

Desde o início do ano, o governo sérvio tornou o hino nacional obrigatório no reinício do ano escolar, suscitando protestos em regiões onde a comunidade sérvia é uma minoria.

Em julho, o ministro do Interior sérvio, Aleksander Vulin, conhecido pela sua retórica inflamatória, falou de uma união política de sérvios dos Balcãs intitulada "mundo sérvio".

"Para mim, o mundo sérvio é um país -- a unificação -, mas de forma pacífica, sem que seja disparado um tiro", afirmou.

Esta noção causou consternação nos Estados vizinhos, onde se levantam vozes para denunciar um regresso dos sonhos da "Grande Sérvia" de Slobodan Milosevic, que desencadeou campanhas de limpeza étnica em grandes partes da ex-Jugoslávia nos anos 1990.

O ministro dos Negócios Estrangeiros croata, Goran Grlic Radman, opôs-se ao que considerou um conceito "invasivo, conquistador e hegemónico".

Os líderes dos sérvios da Bósnia estão a aproveitar a oportunidade para reafirmar as suas aspirações separatistas.

"[O ocidente] pressiona-nos a viver com eles [muçulmanos e croatas], mas nós não temos nada em comum", apontou na terça-feira Milorad Dodik, membro sérvio da presidencial colegial da Bósnia, referindo-se à "independência" a que aspiram.

Alguns analistas suspeitam que as autoridades sérvias estão a jogar a carta étnica para cortejar o voto nacionalista na Sérvia, onde as eleições parlamentares antecipadas estão previstas para o próximo ano.

"Isto é uma tentativa de usar o populismo para distrair os eleitores da corrupção, das violações de direitos humanos e para minar as instituições democráticas, supostamente em nome do interesse nacional", considerou o analista Aleksandar Popov à France-Presse.

Leia Também: Adesão dos Estados dos Balcãs à UE é de "interesse estratégico" mútuo

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