A polícia invadiu os escritórios do principal jornal de Nicarágua, o La Prensa, avidamente crítico do governo do presidente Daniel Ortega, na sexta-feira. 

Os jornalistas que se encontravam no local relaram terem ficado sem acesso à internet e que a eletricidade também foi cortada durante a operação. O editor-chefe Eduardo Enríquez disse ainda à Reuters que os funcionários foram impedidos de usar os telemóveis.

Do lado das autoridades dizem estar a investigar alegações de fraude alfandegária e lavagem de dinheiro por parte da gestão do jornal.

#EnVivo | Policía orteguista se encuentra dentro de las instalaciones de LA PRENSA. Seguí nuestro en vivo. ⬇️ https://t.co/ab4Rvigyec

— LA PRENSA Nicaragua (@laprensa) August 13, 2021

Em imagens publicadas no site da publicação é possível ver a polícia de choque a entrar no prédio e caixas com material a ser removidas.

#ÚltimoMinuto | Policía orteguista se lleva cajas del diario LA PRENSA.
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— LA PRENSA Nicaragua (@laprensa) August 13, 2021

O La Prensa é propriedade da família de Christiana Chamorro, uma política proeminente que foi detida há dois meses após anunciar que concorreria contra o presidente Ortega nas eleições de novembro, bem como os outros sete principais candidatos à presidência e outros 25 dissidentes. 

Na quinta-feira tinham noticiado que quase 100 toneladas de papel estavam retidas pela alfândega, tendo sido obrigados a suspender a edição impressa.

Os meios de comunicação pró-governamentais tentaram desdizer a versão do jornal, referindo que nos armazéns do jornal La Prensa havia "papel em abundância" para que a empresa continuasse a imprimir. No entanto, a equipa do jornal insistiu que não havia papel suficiente no prédio para imprimir nem uma edição.

A oposição a Ortega, que atualmente cumpre seu quarto mandato, tem crescido nos últimos anos. Em 2018, protestos antigovernamentais em massa varreram o país, mas foram recebidos com uma resposta violenta da polícia. Centenas de pessoas foram mortas e milhares ficaram feridas nos confrontos.

O incidente ocorre a menos de três meses das eleições de 7 de novembro.

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