Fação militar do partido de Riek Machar anuncia a sua destituição
A fação armada do partido de Riek Machar, antigo rebelde e que se tornou vice-presidente do Sudão do Sul, anunciou a sua destituição do movimento, uma informação hoje desmentida por um seu porta-voz.
© ZACHARIAS ABUBEKER/AFP via Getty Images
Mundo Sudão do Sul
Figura central da política sul-sudanesa, Machar foi destituído da sua função de presidente do partido e do braço armado do SPLM/A-IO, segundo um comunicado com data de terça--feira e assinado por Simon Gatwech Dual, um líder desta fação armada.
A decisão foi adotada no final de uma reunião de três dias entre os dirigentes do SPLM/A-IO, segundo o texto, que proclama Gatwech Dual como o líder interino do movimento.
O texto afirma que Machar "falhou totalmente" em assumir a função de líder e enfraqueceu significativamente o peso do movimento no Governo de coligação, formado em fevereiro de 2020 e do qual fazia parte.
Segundo o comunicado, o vice-presidente protagonizou durante anos uma "política de dividir para reinar", e favoreceu o nepotismo em detrimento da unidade e do progresso.
Contactado hoje pela agência noticiosa AFP, Lam Paul Gabriel, um porta-voz de Machar, "condenou e denunciou" estas afirmações.
"Reafirmamos o nosso pleno apoio e a nossa lealdade ao presidente supremo e comandante em chefe do SPLM/A-IO, o doutor Riek Machar Teny Dhurgon", disse.
Ainda permanecem pouco percetíveis as consequências deste possível golpe interno contra Machar, um hábil político que conheceu anos de guerra civil, tentativas de assassinato e períodos de exílio.
As diversas e contraditórias alianças políticas que promoveu moldaram a sangrenta história do país, que acaba de festejar os dez anos de independência, obtida em julho de 2011.
Nesse período já ocupava o cargo de vice-presidente, com Salva Kiir na presidência. Vai tornar-se no principal adversário deste último no decurso da guerra civil que assolou o país desde 2013, provocando cerca de 400.000 mortos.
No âmbito de um acordo de paz assinado em 2018, Machar foi reintegrado em fevereiro de 2020 num Governo de união nacional, mas muito fragilizado devido à difícil concretização de numerosos pontos do acordo.
Neste contexto, Machar enfrentou uma crescente oposição nas suas fileiras, onde se digladiavam diversas fações, num contexto de profunda crise económica e de níveis de insegurança alimentar e de subnutrição muito elevados.
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