Este pasteleiro de 59 anos, que se manifestou em Bauta, 25 quilómetros a sudoeste de Havana, é um dos cubanos presos entre os milhares de manifestantes que foram para as ruas gritar "Abaixo a ditadura" e "Temos fome".
Os detidos estão acusados de desacatos, desordem pública, atos de vandalismo ou propagação da covid-19 por se terem manifestado sem máscara, numa altura em que a propagação da doença está a aumentar.
"Ainda ninguém quis testemunhar e o Manuel continua em prisão preventiva acusado de desordem pública. Ele está na prisão de Caimito e nós estamos desesperados", referiu à AFP o seu irmão Roberto, desde Miami
Mais de 10 dias após o protesto, o Governo ainda não divulgou o número oficial de presos.
A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pediu a libertação imediata de "todos os presos por exercerem seus direitos".
Segundo uma lista divulgada na rede social Twitter por grupos de oposição, como o coletivo de artistas 27N, e meios de comunicação independentes, como o "Periodismo de Barrio", mais de 600 pessoas foram presas.
O chefe da diplomacia cubana, Bruno Rodriguez, disse que a maioria dos detidos foram libertados, depois de "multados ou colocados em prisão domiciliária", negando a existência de menores entre os presos.
Além disso, garantiu que não desapareceu nenhum detido.
No grupo da rede social Facebook "Desaparecidos #SOSCuba", Roberto, cuja mãe de 92 anos também mora em Cuba, explicou que para que o seu irmão apareça em liberdade no tribunal precisa, segundo o seu advogado, de "duas ou três testemunhas" que atestem que ele "se manifestou pacificamente e garantiu que as pessoas não recorressem à violência".
"Isso ajudaria a libertá-lo sob fiança, ficasse ele em prisão domiciliária ou em liberdade", referiu, implorando por ajuda.
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