Francisco Nicolás Gómez Iglesias, apelidado pela imprensa espanhola de 'Pequeno Nicolás', foi condenado a três anos de prisão por fazer-se passar por um alto cargo relacionado com a vice-presidência do Governo e da Casa Real espanhola durante a sua viagem a Ribadeo, na Galiza, para se reunir com o presidente da empresa Alsa, Jorge Cosmen, em agosto de 2014.

De acordo com a sentença, a que a agência Efe teve acesso, esta terça-feira, o tribunal de Madrid condenou Nicolás a nove meses de prisão por um delito de usurpação de funções públicas e a mais dois anos e três meses de prisão pelo crime de corrupção ativa. Na atribuição da sentença, o tribunal teve em consideração a atenuante de anomalia psíquica que foi diagnosticada ao arguido. 

Francisco Nicolás Gómez Iglesias foi absolvido dos crimes de falsidade e apropriação indevida de fundos públicos de que também estava acusado pelo Ministério Público, que pedia sete anos de prisão para o acusado. 

Em sede de tribunal, o arguido alegou que não pretendia fingir ser uma autoridade, sendo que apenas se fez passar por uma pessoa importante para se sentir "poderoso". 

No passado dia 12 de maio, de acordo com o El Diário, o empresário Jorge Cosmen prestou declarações em tribunal no âmbito deste caso e indicou ao juiz que o suspeito afirmou ser um "elo" entre "a vice-presidência e a Casa Real" e, durante o almoço, atendeu um telefonema respondendo à "vice-presidente", numa suposta referência a Soraya Sáenz de Santamaría, vice-presidente do Governo espanhol à data. 

"A conversa dele foi tão grandiloquente que ele falou sobre muitos assuntos, embora sem ligação. Ele falou-me sobre a política de Obama, o caso catalão, o Ébola", indicou Jorge Cosmen na qualidade de testemunha.

O empresário recordou ainda que, uns dias antes do encontro, recebeu um telefonema em que era avisado sobre a visita "de alguém muito importante da Casa Real". Jorge Cosmen não ficou convencido e ligou para o restaurante do Clube Náutico, onde seria o almoço, e foi-lhe confirmada a reserva por parte de "um membro muito importante da Casa Real". 

Neste caso, também são julgados Jorge GH, da Polícia Municipal de Madrid, e Carlos PL D, da Polícia Municipal de Torrijos. De acordo com o Ministério Público, o 'Pequeno Nicolás' contactou estes agentes da polícia e pediu-lhes que disponibilizassem os meios necessários para o fazer passar por um alto cargo público em troca de um bónus.

Nicolás, refira-se, é um estudante de Direito que já foi detido noutras ocasiões e esteve acusado de falsificação, fraude e roubo de identidade. De acordo com um médico privado e uma equipa forense, o jovem sofre de um transtorno de personalidade narcisista. 

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