PM diz que cessar-fogo é "momento de silêncio" para rebeldes refletirem
O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, afirmou hoje que o cessar-fogo unilateral declarado na semana passada pelo Governo federal na região de Tigray, imersa num conflito desde novembro, é "um momento de silêncio" para as autoridades locais refletirem.
© Reuters
Mundo Etiópia
Na Câmara dos Representantes do Povo, a câmara baixa do parlamento etíope, Abiy Ahmed abordou a trégua e a retirada do Exército federal em muitas partes da região, agora ocupada pelas forças da Frente Popular de Libertação de Tigray (TPLF, em inglês), o partido no poder na região.
"O processo de retirada do Exército levou mais de um mês, mas não queríamos que fosse revelado por causa da disciplina militar", afirmou o chefe do Governo, que sugeriu que o cessar-fogo foi planeado antes do anúncio de segunda-feira e não representa um triunfo para os rebeldes.
"Mobilizámos as nossas forças porque a situação não é tão ameaçadora como antes e queríamos dar um momento de silêncio para as TDF [sigla inglesa para Forças de Defesa de Tigray] e o povo de Tigray pensarem", acrescentou o primeiro-ministro, citado pela agência noticiosa Efe.
Na sua intervenção, Abiy Ahmed disse também que há "forças externas" que procuram prolongar o conflito em Tigray, não tendo apontado culpas particulares.
"Parece haver interesses que procuram ver o enfraquecimento do Estado etíope através de um conflito prolongado", sublinhou, referindo que, na sua opinião, "há poucos" interessados na conclusão do conflito.
"Não é difícil continuar a guerra, é bastante difícil avançar para o desenvolvimento", reforçou, especificando que a retirada militar de Tigray é uma resposta às necessidades de se concentrarem noutras prioridades nacionais, como o combate à pandemia de covid-19.
O primeiro-ministro não comentou as exigências feitas no domingo pela TPLF.
A TPLF afirmou que "antes de formalizar um acordo de cessar-fogo", é necessário resolver "problemas espinhosos".
Entre estes problemas, está a retirada, para "as suas posições antes da guerra", das forças eritreias e amhara (grupo étnico da Etiópia) que apoiam o Exército etíope na operação militar desencadeada há oito meses contra as autoridades locais da região do Norte.
Mas também há exigências políticas, como a reposição no poder do "governo democraticamente eleito do Tigray".
O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, Prémio Nobel da Paz em 2019, lançou uma intervenção militar em 04 de novembro para derrubar a TPLF, o partido eleito e no poder no estado.
O Exército federal etíope foi apoiado por forças da Eritreia. Depois de vários dias, Abiy Ahmed declarou vitória em 28 de novembro, com a captura da capital regional, Mekele, frente à TPLF, partido que, até à chegada de Abiy Ahmed, controlou a Etiópia durante quase 30 anos.
No entanto os combates continuaram e as forças eritreias são acusadas de conduzirem vários massacres e crimes sexuais.
Na passada sexta-feira, as Nações Unidas alertaram para a deterioração "dramática" da situação humanitária na região, destacando que há cerca de 400.000 pessoas em situação de fome e 1,8 milhões em risco.
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