O conflito armado agravou-se no Afeganistão após as forças norte-americanas terem iniciado a última fase da retirada, ordenada em abril pelo Presidente Joe Biden e que deverá ficar concluída até 11 de setembro, com os insurgentes a tentarem ganhar terreno numa nova relação de forças mais favorável.

Na noite de domingo talibãs e forças afegãs envolveram-se em intensos combates em Mehtarlam, uma cidade com cerca de 140.000 habitantes e capital da província de Laghman.

O ministro da Defesa, Yasin Zia, deslocou-se ao local para assumir a contraofensiva, declararam responsáveis oficiais.

"Com a chegada de reforços o inimigo sofreu bastante", afirmou Zia, ex-comandante militar, numa mensagem em vídeo.

Segundo o seu ministério, pelo menos 50 combatentes rebeldes foram mortos na noite de domingo para hoje.

Em declarações à agência noticiosa AFP, o porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, assegurou por sua vez que os insurgentes tomaram 37 postos de segurança nos arredores de Mehtarlam.

Na generalidade, os balanços e as informações sobre o decorrer dos confrontos não podem ser confirmados por fontes independentes no Afeganistão, e os dois campos têm por hábito exagerar os seus sucessos e minimizar os reveses.

Ainda de acordo com a AFP, os combates ainda decorriam hoje em diversas zonas de Mehtarlam, que implicou a fuga de centenas de civis.

Nos últimos dias, os talibãs apoderaram-se dos distritos de Nerkh e de Jalraiz, província de Wardak, a cerca de 40 quilómetros de Cabul.

O Wardak sempre serviu de base aos talibãs para alcançarem a capital e efetuarem ataques.

A rebelião também garantiu o controlo de Burca, na província de Baghlan (norte), no início do mês, após a retirada das tropas afegãs desta zona.

Os insurretos estão a apertar o cerco aos grandes centros urbanos, sugerindo que aguardam a retirada das forças norte-americanas para desencadear vastas ofensivas em direção às cidades.

Os combates nos arredores de Cabul recordam os dolorosos momentos do início da guerra civil na década de 1990, após a retirada do contingente soviético.

Na ocasião, as milícias bloquearam as principais vias de acesso à capital e mantiveram a pressão sobre o exército afegão até à queda do governo.

"As cidades que os talibãs elegeram como alvo têm uma importância estratégica por estarem próximo de Cabul. Algumas situam-se nas rotas de abastecimento da capital", indicou Bari Arez, um analista que trabalha em Cabul.

"Os reveses sofridos pelas forças afegãs também demonstram que não esperavam ofensivas talibãs para tão cedo", e na sequência do início da última fase da retirada das tropas norte-americanas, acrescentou à AFP o especialista em questões securitárias.

Os Estados Unidos devem retirar os seus 2.500 militares ainda destacados no Afeganistão até 11 de setembro, o dia do aniversário dos atentados dos atentados de 2001 que justificou a invasão militar do Afeganistão no outono desse ano.