Atenas crítica uso de migrantes para pressionar fronteiras europeias
O primeiro-ministro da Grécia criticou hoje a instrumentalização dos migrantes para pressionar as fronteiras europeias, numa referência à recente situação na cidade espanhola de Ceuta, mas também aos acontecimentos em 2020 na fronteira grega com a Turquia.
© Reuters
Mundo Migrações
"É inconcebível que imigrantes e refugiados sejam usados como peões geopolíticos para pressionar a União Europeia (UE)", disse Kyriakos Mitsotakis, após uma reunião na capital grega, Atenas, com o diretor-executivo da Agência Europeia de Gestão da Cooperação Operacional nas Fronteiras Externas (Frontex), Fabrice Leggeri.
O primeiro-ministro helénico referiu que a Europa tem capacidade policial e militar para proteger as suas fronteiras, capacidade essa, segundo frisou Kyriakos Mitsotakis, que já demonstrou em outras situações no passado.
Em fevereiro de 2020, a Grécia enfrentou uma situação quase similar aos recentes acontecimentos ocorridos no início desta semana em Ceuta, território espanhol no norte de Marrocos que testemunhou, em apenas dois dias, a entrada irregular e "sem precedentes" de cerca de 8.000 migrantes procedentes do território marroquino.
Em final de fevereiro do ano passado, o Governo turco anunciou que ia 'abrir as portas' (as suas fronteiras) para permitir a passagem a todas as pessoas que desejassem chegar à Europa, nomeadamente ao espaço da UE.
A decisão da Turquia (país que alberga vários milhões de refugiados, maioritariamente sírios) foi encarada então como uma forma de pressionar a Europa, bem como os aliados na NATO.
Após o anúncio de Ancara, milhares de pessoas convergiram para a fronteira terrestre greco-turca, em Kastanies, situação que suscitou momentos de tensão na zona.
A Grécia usou forças policiais e militares (numa operação apoiada pela UE) para travar os migrantes, tendo sido registados confrontos na fronteira terrestre.
Após o encontro desta sexta-feira, Mitsotakis agradeceu à Frontex a cooperação e o apoio no controlo das fronteiras e na redução dos fluxos migratórios para a Grécia "em quase 80% em 2020 e em 72% até agora no ano atual".
Por sua vez, Fabrice Leggeri destacou em Atenas a capacidade da Frontex para apoiar os Estados-membros na "vigilância, deteção e gestão, incluindo nas devoluções" em matéria de migração irregular.
A Grécia, a par de Itália, Espanha ou Malta, é conhecida como um dos países da "linha da frente" ao nível das chegadas de migrantes irregulares à Europa.
Atenas tem sempre argumentado que realiza devoluções de migrantes dentro dos termos legais, mas dezenas de organizações internacionais, e mais recentemente o Conselho da Europa, têm apontado duras críticas ao executivo helénico, acusando as autoridades do país de efetuarem deportações sumárias sistemáticas e violentas, em particular durante o último ano.
Na quinta-feira, o ministro das Migrações grego, Notis Mitarakis, afirmou, em declarações à rádio pública austríaca ORF, que intercetar embarcações no meio do mar é uma prática que a Frontex considera como legal, sublinhando a incapacidade do país para acolher estas embarcações.
O primeiro-ministro helénico aproveitou a reunião com o representante da Frontex para exigir ainda que a Turquia trabalhe ativamente para reduzir a saída de migrantes das suas costas e para reativar os mecanismos de regresso (suspensos desde o início da pandemia da doença covid-19), em conformidade com os termos estipulados no acordo assinado em 2016 entre a UE e Ancara em matérias migratórias.
Neste momento, a Grécia tem pendente o regresso de cerca de 1.500 pessoas para o território turco.
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