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Misuzulu Sinqobile kaZwelithini nomeado novo rei dos Zulus

O príncipe Misuzulu Sinqobile kaZwelithini foi nomeado rei do povo amaZulu, o maior grupo étnico na África do Sul, sucedendo ao seu pai, Goodwill Zwelithini kaBhekuzulu, que morreu em março, foi hoje anunciado.

Misuzulu Sinqobile kaZwelithini nomeado novo rei dos Zulus
Notícias ao Minuto

14:21 - 08/05/21 por Lusa

Mundo África do Sul

O príncipe Misuzulu, de 46 anos, foi nomeado pelo testamento da sua mãe, a rainha regente Shiyiwe Mantfombi Dlamini Zulu - que morreu num hospital privado em Joanesburgo, em 29 abril, de causas não reveladas - que foi lido na noite de sexta-feira na Casa Real amaZulu em Kwanongoma, norte do Kwazulu-Natal, pelo advogado T.G. Mandonsela.

"Após a morte prematura do nosso rei, Goodwill Zwelithini, surgiu a necessidade de preencher a posição do rei caído. Deve ser apropriado e adequado à grande nação Zulu conceder a honra, dada a mim por sua majestade, a meu filho, Misuzulu Zulu", refere o testamento da falecida regente, lido por Mandonsela, citado pelo canal público sul-africano SABC.

O advogado sul-africano salientou que "a rainha esperava que o novo líder fosse aceite e apoiado".

O príncipe Misuzulu Zulu terá de aceitar a nomeação, caso contrário, qualquer um dos seus irmãos poderá ser o próximo rei por voto secreto, sublinhou o canal público.

Shiyiwe Mantfombi Dlamini Zulu casou com o rei Goodwill Zwelithini, em 1977, passando a ser a terceira esposa do monarca, tendo sete filhos, sendo o mais velho o príncipe Misuzulu kaZwelithini, que foi educado nos Estados Unidos.

Com a morte da soberana de descendência Swazi, a única soberana entre as seis mulheres de Goodwill Zwelithini, acentuaram-se as divisões no seio da família real zulu em torno da herança do falecido monarca, que deixou seis esposas e 28 filhos.

Numa ação judicial, citada pela imprensa local, a primeira esposa do rei, a rainha Sibongile Dlamini, contesta que têm direito a 50% dos bens do rei, frisando que o testamento do monarca ignorou esse aspeto, apesar de ser casada em comunhão de bens.

Outra ação judicial, apresentada pelas filhas da primeira rainha, argumenta que a assinatura do rei no testamento terá sido "forjada", exigindo a sua revisão.

Alguns membros da família real zulu também questionaram o cargo do príncipe Mangosuthu Buthelezi como primeiro-ministro tradicional do monarca.

Todavia, os membros mais antigos da família real, incluindo Mangosuthu Buthelezi, endossaram o testamento que foi lido logo após a morte de Goodwill Zwelithini e nomearam a rainha Mantfombi como regente da nação zulu.

Na sexta-feira, o príncipe Misuzulu, vestindo uma faixa de pele de leopardo, símbolo tradicional reservado para a realeza, apelou à união entre o povo amaZulu no funeral da sua mãe, que foi sepultada na madrugada de sexta-feira no cimo das montanhas de Kwanongoma.

"Não temos dúvidas de que nos uniremos como uma família", referiu o príncipe na sua homenagem à rainha regente, lida pela irmã mais nova, a princesa Ntandoyesizwe Zulu.

O governador da província de KwaZulu-Natal, Sihle Zikalala, e o presidente da Casa dos líderes tradicionais daquela província, Inkosi Phathisiwe Chiliza, apelaram também à unidade entre os membros da família real zulu.

Embora o título de Rei dos Zulus não tenha poder executivo, o carismático rei Goodwill Zwelithini liderou pacificamente os mais 11,5 milhões de Zulus, um quinto da população da África do Sul.

Goodwill Zwelithini kaBhekuzulu era o único administrador de cerca de 3 milhões de hectares de terra sob o Fundo Ingonyama, criado em 1994, para salvaguardar "o bem-estar material e social dos membros das tribos e comunidades" que habitam a província do KwaZulu-Natal, a segunda mais povoada do país.

A família do rei zulu enfrenta igualmente enorme escrutínio e críticas devido ao seu estilo de vida luxuoso, uma vez que cada uma das seis esposas do monarca zulu tem o seu próprio palácio, custando aos cofres do Estado mais de 65 milhões de rands por ano (3,7 milhões de euros), segundo o Governo sul-africano.

O líder do Partido Livre Inkatha (IFP, na sigla em inglês), de maioria zulu, Velenkosini Hlabisa, aplaudiu hoje, em comunicado, a sucessão afirmando: "O IFP dá as boas-vindas ao anúncio de Sua Alteza Real Príncipe Misuzulu Sinqobile kaZwelithini como o herdeiro aparente ao trono do seu pai".

"A sabedoria da falecida monarca regente, a rainha Shiyiwe Mantfombi Dlamini Zulu, evidenciou-se novamente através do seu testamento que foi lido na noite passada", adiantou.

A monarca Zulu, de 65 anos, irmã do rei Mswati III do reino de Essuatíni (antiga Suazilândia), tinha sido nomeada no mês passado regente do reino amaZulu, após a morte do rei dos zulus, em 12 de março, com 72 anos, de doença associada à diabetes e à covid-19.

Goodwill Zwelithini KaBhekuzulu, que reinou desde 1971, morreu em 12 de março, de doença associada à diabetes e à covid-19, no hospital público Chief Albert Luthuli, em Durban, litoral do país, e foi sepultado em Kwanongoma, nordeste da província do KwaZulu-Natal.

Goodwill Zwelithini e Shiyiwe Mantfombi Dlamini Zulu visitaram a Madeira e estiveram em Lisboa a convite do herdeiro da coroa portuguesa, Duarte Pio, duque de Bragança, em abril de 1992, tendo sido recebidos também pelo então Presidente Mário Soares.

Voltaram a estar em Portugal, em maio de 1995, no casamento do duque de Bragança, no Mosteiro dos Jerónimos.

Em abril de 1999, o rei Zwelithini e a rainha Shyiwe Zulu visitaram a Sociedade Portuguesa de Beneficência a convite do empresário português José de Castro, tal como refere uma placa comemorativa patente na instituição benemérita em Joanesburgo.

Leia Também: África do Sul saúda apoio dos EUA à suspensão das patentes de vacinas

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