"Ninguém será registado. Ninguém verá os seus dados pessoais divulgados na internet, nem a sua liberdade será violada", prometeu.
No decurso do seu encontro semanal com os deputados do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), que dirige, o chefe do executivo islamita-conservador também invetivou aqueles que denunciaram o caráter "liberticida" da nova lei, incluindo no estrangeiro. "Não temos a receber lições de ninguém", asseverou.
Erdogan justificou as alterações à lei de 2007 sobre a internet pela necessidade de combater a "chantagem" exercida pelos seus rivais na rede.
"Existe na internet um mundo onde os ciber-intimadores fazem o que quer que seja", denunciou. "Esse é o motivo pelo qual os combatemos".
O parlamento turco votou na semana passada uma série de medidas que concedem à autoridade governamental das telecomunicações (TIB) a possibilidade de bloquear uma página da internet, sem decisão judicial, caso "atente contra a vida privada" ou publique "conteúdos discriminatórios face a determinados membros da sociedade".
Denunciada como um novo passo em direção à "censura" na internet, o texto suscitou numerosas críticas e reparos em diversas capitais estrangeiras.
A oposição turca e numerosas ONG de defesa da liberdade de expressão já solicitaram ao Presidente Abdullah Gul para não promulgar a nova legislação.
Nos 'media' favoráveis ao governo do AKP, no poder desde 2002, têm surgido em paralelo acusações que um "lobby do porno" estará na origem destas críticas.
Esta controvérsia coincide com as consequências do escândalo de corrupção sem precedentes desencadeado há dois meses e que atinge meios próximos do governo.
Erdogan acusou os seus ex-aliados da confraria do predicador muçulmano Fethullah Gulen de manipular os inquéritos da justiça dirigidos a colaboradores próximos, com o objetivo de destabilizar o governo nas vésperas das municipais de março e das presidenciais de agosto.
Nas últimas semanas, e em particular em sítios na internet, foram publicadas numerosas informações sobre este caso, incluindo excertos de conversas telefónicas que denunciam as intervenções do poder para tentar abafar este caso.
De acordo com o sítio da internet turco Bianet, 143 jornalistas foram despedidos em 2013, na sua maioria por terem manifestado simpatia pelas manifestações antigovernamentais de junho e que ocorreram nas principais cidades da Turquia.